O presidente dos EUA, Donald Trump, anunciou no domingo (30) que seu plano de tarifas recíprocas, previsto para ser divulgado na quarta-feira (2) e chamado por ele de “Dia da Libertação”, abrangerá todos os países. Até então, o mercado especulava que as tarifas seriam aplicadas apenas a nações com grandes desequilíbrios comerciais. “Você começa com todos os países. Essencialmente, todos os países dos quais estamos falando”, afirmou Trump a jornalistas a bordo do Air Force One, segundo a Reuters.
A decisão frustra expectativas de uma abordagem mais seletiva e aumenta o risco de novas tensões comerciais globais. O plano prevê tarifas proporcionais às impostas por outros países sobre produtos americanos, com o objetivo, segundo Trump, de proteger a economia dos EUA da concorrência considerada desleal.
O impacto já se reflete nos mercados financeiros. No início da manhã, os índices futuros registravam quedas.
Tarifas recíprocas de Trump e o risco de estagflação
Investidores também demonstram preocupação com a possibilidade de estagflação — uma combinação de crescimento fraco e inflação elevada. O economista Mohamed El-Erian, da Allianz, alertou no X que os sinais desse fenômeno nos EUA estão se intensificando. Ele apontou para a queda no índice de confiança do consumidor da Universidade de Michigan, que atingiu o menor nível em dois anos, e a alta nas expectativas inflacionárias de longo prazo para 4,1%, o maior patamar em 32 anos.
O Goldman Sachs elevou de 20% para 35% a probabilidade de recessão nos EUA nos próximos 12 meses, prevendo também três cortes de juros pelo Fed até dezembro. Segundo o banco, o agravamento das tensões comerciais e a piora na confiança do consumidor impulsionaram essa revisão.
Thomas Barkin, presidente do Fed de Richmond, alertou que a economia americana enfrenta uma “névoa densa” e defendeu a manutenção de uma política monetária restritiva. Ele ressaltou que, dado o atual nível da inflação, o impacto dessas tarifas pode ser ainda mais severo do que o registrado em 2018.
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