A ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês), do Federal Reserve, realizada em 19 e 20 de março, mostrou que quase todos os dirigentes concordaram ser apropriado cortar juros nos Estados Unidos em 2024. A ata do Fed foi divulgada nesta quarta-feira (10).
Na ocasião, o comitê decidiu manter as taxas inalteradas no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano, seguindo o consenso dos analistas do mercado financeiro.
Apesar de divergirem sobre a quantidade de cortes que devem ocorrer em 2024, os membros do Comitê avaliam, em maioria, que as taxas devem ser cortadas ainda neste ano.
A ata, no entanto, não interferiu no comportamento dos ativos porque já chegou velha. O documento não leva em conta os dados mais recentes de inflação, que mostram um processo persistente e distante da meta de 2% da autoridade monetária, segundo especialistas.
O documento mostrou que quase todos os dirigentes concordaram com cortes em 2024, mas que “não esperam corte de juros até terem mais confiança na inflação.”
Ata do Fed: mercado reduziu apostas para corte de juros
O documento refletiu sobre a mudança nas expectativas do mercado em relação ao início do corte nas taxas de juros dos EUA, que se intensificou no final do ano passado e ficou cada vez mais pessimista com a quantidade em 2024.
“Os investidores também pareceram ter reduzido consideravelmente a probabilidade percebida de cortes de taxas do que nas suas expectativas iniciais. Esta queda foi evidente com as probabilidades mais concentradas para os próximos trimestres.”
As alterações nas expectativas da política monetária no período entre reuniões ocorreram na sequência de dados econômicos mais fortes e de percepções de que a queda da inflação deve ocorrer mais lentamente do que o esperado.
Inflação nos EUA
Na ata do Fed, o comitê avalia que as condições financeiras dos EUA melhoraram modestamente desde a reunião de janeiro, com o mercado acionário mais do que compensando os aumentos nos juros futuros.
O rendimento dos Treasuries de longo prazo subiu, o que o mercado vê como uma movimentação negativa. O Fomc atribuiu parte da elevação no curto prazo ao aumento na compensação da inflação. Isso porque há sinais de que o arrefecimento dos preços deve acontecer de forma um pouco mais lenta do que os mercados esperavam nos últimos meses.
A inflação ao consumidor segue desacelerando, mas Fed observa que os progressos recentes foram desiguais. O documento mostra que os “dados recentes não elevaram a confiança de que a inflação está voltando à meta de forma sustentada.”
O banco central norte-americano tem o objetivo de levar a inflação do país a 2% no ano. Mais cedo nesta quarta-feira (10), foi divulgado que o índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos teve alta de 0,4% em março na comparação mensal. Os dados vieram levemente acima da projeção do mercado, de alta de 0,3%.
O dado do CPI, divulgado hoje, deve minar ainda mais essa confiança do comitê e levar os membros a serem mais cautelosos com o afrouxamento monetário.
Os dirigentes concordaram, na ocasião, que a política monetária continuava bem posicionada para responder à evolução das condições econômicas e aos riscos para as perspectivas, assim como a possibilidade de manter a atual orientação política restritiva por mais tempo.
A perspectiva de reduzir a restrição também foi apontada na ata do Fed, no caso de um enfraquecimento inesperado das condições do mercado de trabalho.