O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos (Fed Funds) no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano. Assim como na última reunião, em 13 de dezembro, a decisão do Fed seguiu o consenso dos analistas do mercado financeiro.
A primeira reunião de política monetária do ano nos Estados Unidos foi realizada entre terça (30) e quarta-feira (31).
No comunicado, o comitê do Federal Reserve evitou sinalizar quanto poderá iniciar o ciclo de cortes de juros, amplamente aguardado pelo mercado, que tem apostas para março, maio ou para o segundo semestre do ano.
A decisão veio em linha com o esperado pela maioria dos analistas. O monitor de juros do CME Group apontava até o início da tarde desta quarta-feira que 95,4% do mercado considerava a manutenção da taxa. Cerca de 4,1% do mercado, no entanto, já projetava um corte de 0,25 ponto percentual nos juros norte-americanos.
Segundo o Fomc, indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem crescido em um ritmo sólido, diferentemente da percepção anterior de desaceleração. “Os ganhos do mercado de trabalho moderaram-se desde o início do ano passado, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego continuou baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas ainda está elevada“, comunicou.
Com base na decisão do Fed, o Comitê reafirmou sua meta de retomar a inflação ao patamar de 2% no ano.

Ao avaliar a orientação adequada da política monetária, o Fed seguirá monitorando as implicações das informações recebidas para as perspectivas econômicas.
“O Comitê estará preparado para ajustar a orientação da política monetária conforme apropriado, caso surjam riscos que possam impedir a consecução dos objetivos. As avaliações levarão em conta uma série de informações, incluindo dados do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas sobre a inflação, desempenho financeiro e panorama internacional“, comunicou a autoridade monetária.
No comunicado desta quarta-feira, o Federal Reserve também removeu o trecho que mencionava a possibilidade de necessidade de aperto adicional nos juros norte-americanos, atualmente no maior patamar desde 2001.
Sobretudo, a autoridade monetária segue reforçando que não espera que seja apropriado reduzir juros até que haja confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para meta de 2%.
Decisão do Fed e corte de juros: caminho ainda é incerto, diz Powell
Em entrevista coletiva nesta quarta-feira (31), após a decisão do Fed, o presidente da autoridade monetária, Jerome Powell, disse que a economia dos EUA teve alguns bons progressos, com a inflação diminuindo de seu patamar máximo. Ainda assim, “há trabalho a ser feito”, afirmou.
“A inflação ainda está muito alta, o progresso contínuo para reduzi-la não está garantido e o caminho a seguir ainda é incerto”, avaliou Powell. “Quero garantir ao povo norte-americano que estamos totalmente empenhados em retornar a inflação ao nosso objetivo de 2%.”
Powell disse que o Fed provavelmente chegou ao fim deste ciclo de altas para o aperto monetário necessário. No entanto, ele mencionou que pode não haver cortes em um cenário imediato, como o mercado aguarda.
“Acreditamos que a nossa taxa está provavelmente no seu máximo para este ciclo de aperto. Se a economia evoluir amplamente como esperado, provavelmente será apropriado começar a afrouxar a política monetária em algum momento deste ano”, disse durante a conferência.
No entanto, o presidente do Federal Reserve reforçou que o progresso contínuo em direção ao objetivo de inflação no patamar de 2% ainda não está garantido. “As perspectivas econômicas são incertas e continuamos muito atentos aos riscos. Estamos preparados para manter o atual intervalo para as taxas por mais tempo, se apropriado.”
Em relação ao “pouso suave”, Powell diz que a autoridade ainda não está pronta para declarar o processo concluído. O jargão descreve um cenário em que a economia esfria sem cair em recessão. “Certamente estamos encorajados pelo progresso, mas não estamos declarando vitória neste momento. Achamos que temos um longo caminho a percorrer.”