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Decisão do Fed: comitê mantém juros inalterados nos EUA e projeção de três cortes para 2024

Decisão do Fed: comitê mantém juros inalterados nos EUA e projeção de três cortes para 2024

O Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) do Federal Reserve decidiu manter a taxa básica de juros dos Estados Unidos (Fed Funds) no intervalo de 5,25% a 5,5% ao ano. Assim como na última reunião, em 31 de janeiro, a decisão do Fed seguiu o consenso dos analistas do mercado financeiro.

No Sumário das Previsões Econômicas (SEP), o Fed manteve seu ‘dot plot’ inalterado, com a projeção de três cortes de juros de 0,25 ponto percentual em 2024, num total de 0,75 ponto, segundo 10 dos 19 dirigentes do Fed.

Além disso, a projeção para o crescimento a economia norte-americana foi atualizada para 2,1% en 2024, em comparação com a estimativa de 1,4% de dezembro. Segundo o Fed, a taxa de desemprego deverá terminar o ano em 4%, inferior aos 4,1% previstos na projeção anterior.

A projeção do comitê também foi alterada para o Produto Interno Bruto (PIB) dos Estados Unidos em 2024, de 1,4% em dezembro para 2,1%. Para 2025, o crescimento esperado é de 2,0%, e para 2026 fica em 2,0%.

A reunião de política monetária nos Estados Unidos foi realizada entre terça (19) e quarta (20).

Decisão do Fed: inflação deve cair a 2%

No comunicado, o comitê do Federal Reserve afirmou que indicadores recentes sugerem que a atividade econômica tem registrado expansão em um ritmo sólido. Os ganhos de emprego permaneceram fortes e a taxa de desemprego, baixa. A inflação diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada.

O Comitê procura atingir o nível máximo de emprego e de inflação à taxa de 2% a longo prazo, e considera que os riscos para a consecução dos seus objetivos estão evoluindo para um bom equilíbrio. As perspectivas econômicas são incertas e o Comitê permanece muito atento aos riscos de uma inflação [alta]“, comunicou.

Decisão do Fed: gráfico mostra evolução dos juros nos EUA
Imagem: EQI Investimentos

Esta é a quinta reunião consecutiva em que os dirigentes optam por aguardar por mais dados, e decidem manter as taxas no mesmo patamar. Na decisão do Fed, o Fomc, mais uma vez, evitou sinalizar quando poderá iniciar o ciclo de corte de juros nos EUA.

“O Comitê não espera que seja apropriado reduzir o intervalo da meta até que tenha ganhado maior confiança de que a inflação está evoluindo de forma sustentável para 2%”, diz o comunicado.

Após o comunicado, os índices S&P 500 e Nasdaq passaram para o campo positivo, e sobem cerca de 0,17% e 0,32% por volta das 15h35 (horário de Brasília).

Powell: Comitê pretende cortar juros ainda em 2024

O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, comunicou que o Comitê ainda pretende cortar as taxas de juros dos EUA antes do final deste ano.

Acreditamos que a nossa política monetária está provavelmente em seu pico para este tipo de ciclo e que, se a economia evoluir amplamente como esperado, provavelmente será apropriado começar o afrouxamento monetário em algum momento deste ano”, disse. Powell também reiterou sua confiança na meta de inflação de 2% no ano.

Os principais dados de inflação do país — CPI e o PCE — mostraram alta em janeiro e fevereiro. Ainda assim, Powell acredita que são apenas mais uma prova da trajetória não linear da inflação.

Acho que eles realmente não mudaram a história geral, que é a da inflação caindo gradualmente em um caminho às vezes instável em direção aos 2%”, disse durante a entrevista coletiva. “Não vamos reagir exageradamente a estes dois meses de dados, nem vamos ignorá-los.”

Tá, e aí?Stephan Kautz

Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, comentou que as revisões do Federal Reserve, divulgadas hoje, chamam a atenção: para cima, no PIB norte-americano, como esperado; as projeções mantidas para os três cortes de juros em 2024, com redução em 2025, de quatro para três. Ou seja, o banco central norte-americano vê um crescimento robusto da economia.

Em geral, atividade mais forte pode levar a cortes mais lentos e uma taxa final acima da neutra (que subiu para 2,6%, de 2,5%). Porém, os três cortes previstos para este ano parecem mais garantidos, diante da manutenção, mesmo com inflação mais alta em janeiro“, comenta.

Embora as projeções possam parecer mais preocupantes para o cenário de juros, com um crescimento mais robusto da economia, a entrevista de Powell traz uma perspectiva mais tranquila, para Kautz. O presidente do Fed diz que as revisões na inflação altistas vieram em função dos últimos dados, mas não necessariamente mudam a trajetória. Além disso, um crescimento mais forte não deve prejudicar o caminho da inflação, muito por conta do cenário observado no último ano.

Os três cortes para os juros projetados estão praticamente garantidos, principalmente após os dados mais altos de inflação neste ano. Esse cenário mudaria apenas se números muito ruins fossem divulgados, o que não parece ser o caminho, segundo as projeções. Esperamos que os cortes nos juros tenham início em junho, e que sejam um por trimestre“, diz Kautz.

Powell menciona o mercado de trabalho, com uma redução relevante na contratação. Caso haja um aumento nas demissões, pode haver piora rápida deste cenário, com aumento no desemprego. Este é um sinal de que, caso a economia piore, o Comitê poderá cortar os juros mais rapidamente.

No geral, a decisão parece tirar o medo do mercado de que o Fed pode cortar os juros em menos do que três reuniões neste ano. Agora, a dúvida é se serão três ou mais cortes em 2024, a depender da atividade e inflação daqui para frente, o que dá um alívio para os ativos, principalmente para o dólar, que seguia forte desde o início do ano. Isso pode ser bem positivo para emergentes, como Brasil e México, que têm moedas que sofreram recentemente.

Além disso, a sinalização do Fed desta quarta-feira permite que o Copom, aqui no Brasil, continue cortando os juros com certa tranquilidade por mais meses, avalia Kautz.

Escute o áudio completo a seguir: