A ata do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC (Banco Central) destacou que a decisão de manter a taxa Selic em 10,50% ao ano, na reunião da última quarta-feira (19), foi unânime após o comitê avaliar um cenário de surpresas no mercado de trabalho e na atividade econômica, que têm divergido do cenário de desaceleração previsto.
Segundo a ata do Copom, houve uma nova elevação das projeções de inflação tanto para 2024 quanto para 2025. As expectativas de inflação, retiradas da pesquisa Focus, apresentaram desancoragem adicional desde a reunião anterior.
“O cenário prospectivo de inflação se tornou mais desafiador, com o aumento das projeções de inflação de médio prazo, mesmo condicionadas em uma taxa de juros mais elevada”, afirmou o Comitê.
O Copom também destacou que o cenário externo se mantém adverso, relacionado à visão dos agentes de mercado de que as taxas de juros em países desenvolvidos permanecerão elevadas por um período mais longo.
“O ambiente externo mostra-se mais adverso, em função da incerteza elevada e persistente sobre a flexibilização da política monetária nos Estados Unidos e quanto à velocidade com que se observará a queda da inflação de forma sustentada em diversos países”, ressaltou o Comitê.
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Ata do Copom: política monetária contracionista
Diante desse cenário, o Copom avaliou que a política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente em patamar que consolide não apenas o processo de desinflação, como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.
“O Comitê, unanimemente, optou por interromper o ciclo de queda de juros, destacando que o cenário global incerto e o cenário doméstico marcado por resiliência na atividade, elevação das projeções de inflação e expectativas desancoradas demandam maior cautela”, afirmou o Comitê.
Em sua conclusão, o Copom ressaltou que, em seus cenários para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. Entre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, destacam-se uma maior persistência das pressões inflacionárias globais e uma maior resiliência na inflação de serviços do que a projetada em função de um hiato do produto mais apertado. Entre os riscos de baixa, ressaltam-se uma desaceleração da atividade econômica global mais acentuada do que a projetada e os impactos do aperto monetário sincronizado sobre a desinflação global se mostrarem mais fortes do que o esperado.
Ata do Copom foi dura, mas equilibrada, destaca economista-chefe da EQI Asset
Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, aponta que a ata do Copom adotou um tom mais severo em comparação à última, uma vez que o BC decidiu encerrar ou pausar temporariamente o ciclo de corte de juros.
O economista-chefe da EQI Asset destaca que a ata apresentou argumentos mais fortes, mencionando especificamente o hiato do produto, isto é, o crescimento da economia acima do esperado. Em que isso resultou em um hiato menor, próximo de zero, quando antes estava marginalmente negativo.
“Além disso, eles mencionaram que aumentaram a taxa de juros neutra de equilíbrio de 4,5% para 4,75%. Apesar de isso sugerir que a taxa de juros teria que ser mais alta, as simulações de inflação que eles fizeram para o próximo ano vieram em linha com o que esperávamos, sem grandes alterações”, informa Kautz.
“Portanto, esse efeito de 0,25% na taxa real de equilíbrio não parece ter alterado significativamente a trajetória da inflação. Eles reiteraram o cenário de juros constantes em 10,5%, onde a inflação converge para o centro da meta no final do próximo ano”, complementa.
Segundo Kautz, o documento também reporta que a inflação de serviços é a mais relevante, visto que a inflação industrial e de alimentos não deve mais contribuir tanto quanto o comitê previa.
“Em geral, a ata foi mais severa do que a anterior, mas alinhada com a decisão e explicando a decisão tomada na última reunião. Não forneceu nenhum cenário futuro. Inclusive, o balanço de riscos foi considerado simétrico, ou seja, tanto para cima quanto para baixo, o que não sugere nenhuma mudança futura na trajetória da taxa”, afirmou.
Deste modo, o economista destaca que a ata do Copom foi equilibrada com o colegiado explicando a decisão passada e sem fornecer orientações para o futuro.
“Mantemos nossa projeção [da EQI Asset] de Selic em 10,50% ao ano até o final de 2024, mas ainda com espaço para cortes no próximo ano para 9,75%. Isso não mudou após esta ata e entendemos que ainda há espaço, principalmente devido às projeções do BC”, informa Kautz.
Ele ainda cita que este cenário está condicionado ao Focus, com a estabilização do câmbio e sem deteriorações adicionais no cenário e nas variáveis, que poderiam alterar isso. “No entanto, ainda é um cenário distante do que está precificado na curva de juros, que são altas de juros”, complementa.
Para concluir, o economista-chefe reforça que o cenário é para mais cortes ou, no máximo, estabilidade e não um movimento de retomada do ciclo de alta de juros por enquanto.
Kautz destaca que a ata do Copom adotou um tom mais rígido em comparação à última, dado que o BC decidiu finalizar ou fazer uma pausa temporária no ciclo de redução de juros.
“O Copom mencionou que elevou a taxa de juros neutra de equilíbrio de 4,5% para 4,75%. Embora isso possa sugerir que a taxa de juros teria que ser mais alta, as simulações de inflação que eles realizaram para o próximo ano vieram em linha com o que esperávamos, sem grandes mudanças”, relata Kautz.
“Assim, esse efeito de 0,25% na taxa real de equilíbrio não parece ter alterado significativamente a trajetória da inflação. Eles reafirmaram o cenário de juros constantes em 10,5%, onde a inflação converge para o centro da meta no final do próximo ano”, acrescenta.
De acordo com Kautz, o documento também indica que a inflação de serviços é a mais relevante, uma vez que a inflação industrial e de alimentos não deve mais contribuir tanto quanto o comitê previa.
“Em geral, a ata foi mais rígida do que a anterior, mas alinhada com a decisão e explicando a decisão tomada na última reunião. Não forneceu nenhum cenário futuro. Inclusive, o balanço de riscos foi considerado simétrico, […] o que não sugere nenhuma mudança futura na trajetória da taxa”, declarou.
“Mantemos nossa projeção [da EQI Asset] de Selic em 10,50% ao ano até o final de 2024, mas ainda com espaço para cortes no próximo ano para 9,75%. Isso não mudou após esta ata e entendemos que ainda há espaço, principalmente devido às projeções do BC”, informa Kautz.
Para finalizar, o economista-chefe enfatiza que o cenário é para mais cortes ou, no máximo, estabilidade e não um movimento de retomada do ciclo de alta de juros por enquanto.
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