Até pouco tempo atrás, em meados de 2020, investir no varejo estava mais do que na moda, todo mundo queria surfar nas altas de empresas como Magalu ($MGLU3), por exemplo. Mas, como já sabemos, tudo que é bom dura pouco.
Ainda nesse período, tivemos o início da pandemia e com ela veio a inflação e a subida de juros que prejudicaram fortemente o desempenho do seguimento varejista no país.
Além de aspectos econômicos impactando o financeiro das empresas, como a manutenção de suas operações e a queda de vendas decorrente do fechamento de vários pontos de aglomeração, tivemos o surgimento de concorrência estrangeira, vendendo os mesmos produtos ou similares por um preço menor e entregando em casa.
É importante ter em mente que o varejo brasileiro não sofreu apenas por questões econômicas, a concorrência estrangeira teve grande impacto nos números de empresas consolidadas, porém com sistemas logísticos, de atendimento e de vendas mais arcaicos.
A Amazon (AMZN; $AMZO34) é um ótimo exemplo disso, pois em pouco tempo conseguiu conquistar uma fatia de mercado, aproveitando-se de uma fraca estrutura digital das grandes varejistas, como aplicativos de vendas pouco práticos e suporte mais lento.
Outro agravante foi o aumento no volume de estoques pré-pandemia que teve como consequência um custo mais elevado em um momento que custos deveriam ser cortados ao máximo, o que prejudicou as varejistas. Somado a isso temos outros custos como antecipação de recebíveis, dívidas, entre outros custos operacionais que acabaram fazendo com que empresas como Casas Bahia ($BHIA3), Magalu e Americanas ($AMER3) tenham prejuízos recorrentes me seus balanços.
“Qual vai ser a próxima Magalu? ”, quem já ouviu essa frase? Provavelmente, a maioria dos investidores já ouviu e isso acontece pelo grande crescimento da varejista entre 2019 e 2022, porém o que vemos hoje é uma queda de confiança do mercado em relação a empresa.
É interessante além de apenas ouvir os ruídos de mercado, também analisar os dados e, quando se faz isso, percebe-se que entre 2019 e 2023 a Magalu teve um crescimento de 46% a.a nas vendas online, o que mostra o foco da empresa por uma modalidade de vendas que só tende a crescer cada vez mais no país, mas ainda continua tendo uma despesa financeira elevada por conta da atual taxa Selic, inclusive em seu balanço mais recente a varejista menciona que cada ponto de redução na Selic equivale a uma economia anual de R$ 150 milhões.
Então, no fim das contas, quais são os reais desafios do varejo brasileiro? Bom, podemos falar de três principais como sendo a logística defasada, os juros altos que dão um menor poder aquisitivo aos clientes e um custo financeiro maior as empresas e outro ponto muito importante é a concorrência cada vez mais forte de empresas como a Amazon, Mercado Livre (MELI; $MELI34), Shein, Shopee. Um exemplo disso é o fato de que a Shein já representa 67% do volume das remessas enviadas ao país, segundo a Receita Federal.
Por fim, o ponto principal é que o varejo do Brasil não só pode, como é dependente da situação econômica na qual o país vai estar, se a economia estiver boa, o varejo também vai estar – e o contrário é verdadeiro.
Por Daniela Colombo, administradora, influenciadora de investimentos e sócia-fundadora e diretora de marketing da Fatos Capital.