Conselheiros de acionistas estão considerando adiar a decisão sobre a sucessão na Vale (VALE3), em meio ao desgaste provocado pelos esforços do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em nomear Guido Mantega para a presidência da companhia.
Uma reunião extraordinária do conselho de administração está agendada para esta sexta-feira (2), com o objetivo de avaliar se o atual presidente, Eduardo Bartolomeo, permanecerá no cargo.
Há a expectativa de que a decisão final não seja tomada na reunião, prolongando assim o debate sobre a sucessão até maio, quando se encerra o mandato de Bartolomeo.
A preocupação de alguns acionistas é evitar que a mudança no comando seja interpretada como uma derrota para Lula ou para o Governo.
Sucessão na Vale: por que a resistência a Bartolomeo?
Bartolomeo enfrenta resistência da Previ, o fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, acionista que expressou interesse em substituir o executivo, alegando que o desempenho da Vale tem sido insatisfatório em comparação com concorrentes, além de apontar fragilidades institucionais e nas relações com autoridades e comunidades.
Neste cenário, o nome de Luiz Henrique Guimarães, ex-presidente da Cosan (CSAN3) e membro do conselho da Vale, ganhou destaque na disputa. Contudo, a aceitação pelos demais sócios permanece incerta, uma vez que a Cosan detém apenas 4,9% do controle da Vale, uma fatia menor que a Previ e a Mitsui.
Diante das incertezas, considera-se a possibilidade de propor um mandato mais curto para Bartolomeo, de um ano em vez de três, ou incluí-lo em um processo sucessório com uma lista tríplice, cuja escolha ocorreria mais adiante.
O atual CEO da Vale, Eduardo Bartolomeo, tem contrato em vigor até 31 de maio. Mas o executivo deve ser comunicado com quatro meses de antecedência se terá seu mandato renovado ou não.
A política de sucessão do presidente da mineradora prevê a renovação do mandato em comum acordo caso a decisão seja pela permanência do presidente em exercício, podendo criar um mandato “tampão” de um ano.
No entanto, o processo sucessório teria início se o conselho optasse por não reconduzir Bartolomeo, envolvendo a contratação de uma empresa especializada na seleção de executivos globais e a consideração de candidatos internos. A seleção final seria feita entre os nomes propostos em uma lista tríplice.
O caso Mantega
Nos últimos dias, a mineradora esteve sob foco do mercado, com notícias de que membros do Conselho de Administração da companhia estariam sendo pressionados por autoridades próximas ao governo para indicar Mantega ao cargo de chefe.
Circulou na impresa que seria do desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que Guido Mantega ocupasse o cargo de CEO e não uma cadeira no Conselho.
O nome de Mantega gera polêmica no mercado financeiro, quando associado ao período em que atuou como Ministro da Fazenda durante o governo da ex-presidente Dilma Rousseff, período de grande recessão no país.
Na semana passada, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, defendeu no X (ex-Twitter) a indicação de Guido Mantega na Vale, classificando-o como “um dos brasileiros mais injustiçados de nossa época”.
“Pouquíssimos brasileiros são tão qualificados quanto Guido Mantega para compor o Conselho da Vale, uma empresa estratégica para o país e na qual o governo tem participação e responsabilidades, mesmo depois de sua privatização danosa ao patrimônio público. É qualificado para esta ou qualquer outra missão importante, que exija capacidade e compromisso com o país”, afirmou.
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