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Mantega na Vale (VALE3): em semana decisiva, Lula tenta emplacar ex-ministro como CEO

Mantega na Vale (VALE3): em semana decisiva, Lula tenta emplacar ex-ministro como CEO

A Vale ($VALE3) está prestes a entrar na fase final da decisão sobre seu próximo presidente. O conselho de administração, responsável pela nomeação do CEO, receberá, nesta semana, um relatório com recomendações que servirão de base para a determinação de reconduzir Eduardo Bartolomeo como presidente ou iniciar um processo para a escolha de um novo executivo.

Embora a reunião do conselho esteja marcada para o dia 31, não se descarta a possibilidade de um encontro extraordinário ser convocado antes para tratar especificamente da sucessão.

Na última semana, o governo intensificou seus esforços para incluir o ex-ministro Guido Mantega na Vale, de acordo com desejo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Diferentes versões circularam sobre como acomodar Mantega na mineradora, incluindo a possibilidade de sua indicação para o conselho de administração.

Contudo, fontes próximas à discussão destacaram que tanto Mantega quanto Lula almejam a presidência e não apenas uma vaga no conselho.

O governo busca influenciar ativamente a escolha. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, em uma declaração durante o Fórum Econômico Mundial em Davos, defendeu a possível participação de Guido Mantega no Conselho de Administração da Vale, descrevendo-o como alguém extremamente preparado para assumir um cargo executivo.

Embora Silveira não tenha confirmado oficialmente a indicação de Mantega, ele destacou a injustiça de subestimar a qualificação do ex-ministro para cargos corporativos executivos.

O nome de Mantega, contudo, enfrenta forte resistência para os dois postos, seja de conselheiro ou de CEO.

Quem é Guido Mantega: economista desde o início do PT

Nascido em Gênova, na Itália, em 1949, Mantega veio morar com a família no Brasil ainda na infância e obteve a dupla cidadania. Graduado em Economia e em Ciências Sociais pela USP (Universidade de São Paulo), Mantega obteve seu doutorado em Sociologia do Desenvolvimento pela mesma instituição e se aproximou de um grupo de economistas ligados à esquerda que participou da fundação do PT, em 1980.

Com uma visão heterodoxa voltada a o desenvolvimentismo, Mantega participou das formulações das principais diretrizes econômicas petistas ao longo das primeiras duas décadas do partido, inclusive nos planos de governo das campanhas presidenciais em que Lula foi derrotado, em 1989, 1994 e 1998.

Em 2002, o PT apresentou um programa que fazia várias concessões ao mercado. Lula se elegeu e colocou no Ministério da Fazenda um político formado em Medicina, Antonio Palocci, ex-prefeito de Ribeirão Preto (SP), e para o Banco Central escolheu Henrique Meirelles, que acabara de deixar o BankBoston para ser deputado federal pelo PSDB.

Mantega foi nomeado para o ministério do Planejamento, com menor protagonismo na definição da política econômica, e depois de pouco mais de um ano acabou deslocado para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), onde permaneceu por cerca de um ano e meio.

Em 2006, com a queda de Palocci após um escândalo político, em que o então ministro foi demitido depois de ordenar a quebra de sigilo bancário de um caseiro, Mantega foi escolhido para a Fazenda.

Tomou posse em 27 de março e se tornaria o mais longevo ocupante do cargo em toda a história, cumprindo todo o segundo mandato de Lula (2007-2010) e o primeiro de Dilma Rousseff (2011-2014). Por nove meses, superou Pedro Malan, ministro durante os dois governos de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).

À frente da Fazenda, Mantega se notabilizou por uma gestão mais à esquerda, com maior incentivo ao desenvolvimento e crescimento econômico e menor preocupação com controle dos gastos públicos e da inflação.

Foi com Mantega como ministro, por exemplo, que o Brasil optou por uma estratégia heterodoxa para enfrentar a crise de 2008, que provocou a quebra de diversos bancos nos EUA e foi chamada por Lula de “marolinha”. Mas não conseguiu resistir ao efeito posterior da crise, que atingiu a economia brasileira anos depois. Tanto que, mesmo com Dilma reeleita, foi substituído no segundo mandato por Joaquim Levy, economista de visão mais ortodoxa.

Depois de deixar o governo, Mantega chegou a ser preso durante a Operação Lava-Jato, em 2017, depois de ser acusado de pedir e receber propinas pelo empresário Eike Batista, em delação premiada. Foi solto dias depois e inocentado em julgamento realizado neste ano.

Mantega, no entanto, não escapou de uma punição do TCU (Tribunal de Contas da União) por ter participado das chamadas “pedaladas fiscais” que resultaram no impeachment de Dilma, em 2016. Em 2017, ele foi multado em cerca de R$ 50 mil e punido com cinco anos de proibição de exercer cargo em comissão ou função de confiança na administração pública federal, período ampliado para oito anos em 2022. Em 2023, o ex-ministro foi inocentado da acusação, mas ainda cabe recurso, o que pode dificultar ainda mais a aceitação de Mantega na Vale.