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Raízen (RAIZ4) dispara com megaoperação contra fraudes no setor de combustíveis

Raízen (RAIZ4) dispara com megaoperação contra fraudes no setor de combustíveis

Investidores reagem ao avanço da Operação Poço de Lobato contra a Refit, vista como epicentro da informalidade no mercado; ação reduz competição predatória e fortalece grandes distribuidoras

As ações da Raízen (RAIZ4) engataram uma forte alta nesta quinta-feira (27), chegando a avançar mais de 6% no início da tarde, em meio à repercussão de uma nova ofensiva das autoridades contra o esquema de sonegação fiscal envolvendo a refinaria privada Refit (antiga Manguinhos) — considerada a maior devedora contumaz do setor.

O movimento acompanha o rali das demais distribuidoras de combustíveis, como Vibra Energia (VBBR3) e Ultrapar (UGPA3), que subiam entre 1% e 4% no período.

Operação mira R$ 26 bilhões em fraudes e redesenha a competição do setor

A Operação Poço de Lobato — que envolve Receita Federal, Ministério Público de São Paulo, secretarias de Fazenda, Procuradorias e as Polícias Civil e Militar — busca desarticular um esquema bilionário de sonegação, fraude aduaneira e ocultação de receitas.

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Segundo o governo paulista, a investigação tem mais de 190 alvos, incluindo holdings, offshores e fundos usados para mascarar movimentações financeiras.

A Refit, que teria movimentado R$ 70 bilhões em um único ano e acumulado dívidas de R$ 25 bilhões, é apontada como peça central na competição desleal contra distribuidoras listadas.

O Bradesco BBI reforça que o fechamento parcial das operações da Refit em setembro já havia provocado:

  • ganho imediato de market share por Raízen, Vibra e Ultrapar;
  • redução do gap de preços entre postos com bandeira e bandeira branca;
  • melhora da precificação no Sudeste, sugerindo espaço para expansão de margens.

“Os esforços contra a informalidade estão se intensificando, reforçando nossa visão construtiva para o setor”, afirma o banco.

BTG: operação marca ‘ponto de inflexão’ e antecipação do ciclo positivo

O BTG Pactual reforça essa leitura e afirma que a Operação Poço de Lobato representa a ação mais contundente já realizada contra a Refit — acusada de distorcer preços, pressionar margens e romper a dinâmica de competição saudável no setor.

No relatório “Cleaning the Pipe – An Inflexion Point”, o banco afirma que a remoção de players historicamente não conformes cria uma oportunidade antecipada para as três principais distribuidoras:

  • ganharem participação,
  • recuperarem margens reprimidas,
  • e operarem em um ambiente de compliance mais robusto.

Segundo o BTG, dados recentes de vendas já mostram essa tendência: incumbentes vêm ganhando market share no Sudeste, justamente onde a Refit concentrava sua atuação.

O banco afirma que o setor pode caminhar para um “novo normal competitivo” com margens estruturalmente mais fortes — e antes do que o mercado projetava.

Setor pode entrar em novo ciclo de margens maiores

Na avaliação do BBI, se a tendência de combate à informalidade se consolidar, as grandes distribuidoras poderão:

  • crescer acima da média do setor já em 2026,
  • operar próximas de 10x o P/L projetado,
  • e apresentar revisões positivas de lucro após anos pressionadas.

O gatilho decisivo, dizem os analistas, seria a aprovação do projeto de lei que define regras para empresas classificadas como “devedores contumazes”, hoje em tramitação na Câmara.

Leia também:

Raízen vive momento delicado, mas vê alívio pontual

O rali desta quinta ocorre em meio a um período turbulento para a Raízen — marcada por:

  • prejuízo de R$ 2,3 bilhões no 2TRI26;
  • rebaixamento da Fitch e da Moody’s;
  • alavancagem elevada e geração de caixa pressionada;
  • revisão negativa de rating para Ba1, ainda sob possível novo corte.

A Moody’s ressalta que não prevê recuperação rápida dos indicadores, citando:

  • safra desafiadora,
  • preços menores de açúcar e etanol,
  • e exigência de alto capex para manter produtividade.

Ainda assim, o avanço da agenda contra a informalidade reduz parte das pressões competitivas sobre a companhia — que, nos últimos anos, sofreu para conter perda de margem em um ambiente marcado pela concorrência predatória.

Reorganização no conselho segue em paralelo

A Raízen ainda está no meio de uma reorganização societária. Os conselheiros Cristiano Pinto da Costa e Rodrigo Araújo Alves renunciaram aos cargos, que serão ocupados por:

  • Roland Alexander Ilube, executivo global da Shell, e
  • Vasco Augusto Pinto da Fonseca Dias Júnior, ex-CEO da Raízen e ex-CSN (CSNA3).

As mudanças foram indicadas pelos acionistas Shell e Cosan (CSAN3).