As ações do Nubank (NU; ROXO34) voltaram a apresentar uma performance expressiva neste ano, tanto no mercado local, por meio dos BDRs negociados na B3 ($B3SA3), quanto na bolsa de valores de Nova York. O movimento marca uma recuperação consistente após um período de forte desvalorização. Segundo análise de Nicolas Merola, da EQI Research, o BDR acumulou queda superior a 40% entre novembro de 2024 e abril de 2025.
De acordo com ele, a retração esteve relacionada, sobretudo, ao cenário macroeconômico, marcado por um ciclo de aperto monetário e alta de juros, que reduziu a liquidez disponível no mercado e elevou os índices de inadimplência.
“O que isso significa? Significa que os juros foram subindo ao longo do tempo e isso faz com que a economia tenda a se desacelerar e a disponibilidade de dinheiro fique um pouco mais restrita”, assinalou ele.

Ações do Nubank: inadimplência chegou a 7%
O Nubank, em particular, foi mais sensível a esse movimento por ter uma carteira de crédito concentrada em produtos de maior risco, como cartão de crédito e crédito pessoal. Em alguns momentos, a inadimplência da instituição se aproximou de 7%, nível bastante acima da média de bancos tradicionais mais diversificados, que operaram em torno de 4%.
A partir de abril, no entanto, as ações iniciaram um movimento de recuperação, acumulando valorização acima de 50% em relação às mínimas recentes e aproximando-se dos níveis máximos do último ano. Para Merola, a retomada está ligada às perspectivas de melhora no ciclo monetário, com expectativa de cortes de juros nos próximos meses.
Apesar do ambiente desafiador, o banco digital manteve ritmo acelerado de crescimento, com destaque para a expansão internacional, e reforçou sua imagem como uma tese de investimento voltada à inovação e tecnologia, em contraste com o perfil mais conservador de bancos tradicionais.
Esse posicionamento faz com que o Nubank seja um dos poucos bancos brasileiros avaliados com múltiplos semelhantes aos de empresas de tecnologia, o que ajuda a explicar o apetite dos investidores e a forte valorização recente de suas ações.
“Por mais que os juros ainda não tenham caído, já está sendo projetado diversos cortes mais para frente. Isso em função justamente da desaceleração da economia que já está acontecendo e está permitindo que essa precificação aconteça. E se os investidores pensam que se esse ciclo já está melhorando e o Nubank, que deveria ter sofrido muito mais, não sofreu, abre espaço para que ele continue aquele processo de crescimento acelerado”, comentou ele.
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