A Petrobras (PETR3; PETR4) é uma das empresas com maior peso na carteira teórica do Ibovespa – e também uma das que mais gera discussões em relação à tese de investimento. Isso porque a estatal é controlada pelo governo e, a cada mudança na gestão, sofre transformações que o mercado absorve e tenta precificar.
Em 2023, com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) assumindo a presidência da República, houve mais uma vez a troca de CEO, e mais tarde o fim do preço de paridade internacional (PPI), além de uma nova política de dividendos.
Conforme a nova gestão vai moldando o futuro da estatal, há também um ajuste nas recomendações.
Petrobras: recomendações de instituições
Veja, a seguir, as recomendações de bancos e corretoras sobre o investimento na Petrobras:
- EQI Research — Recomendação: compra
Segundo Luís Moran, head da EQI Research, a dinâmica da inflação mais favorável no Brasil abre espaço para uma queda mais rápida da taxa Selic já a partir de agosto, com efeitos positivos nos mercados de risco.
Na carteira de ações recomendadas para agosto, a EQI Research incluiu as ações preferenciais da Petrobras
A casa acredita que boa parte da desconfiança com a destinação do caixa gerado pela empresa foi resolvida com o anúncio da nova política de distribuição de dividendos, que deve manter um pagamento de proventos interessante ao investidor.
“Riscos ainda existem, mas a atratividade é clara: a Petrobras deve continuar a negociar com desconto em relação aos principais pares internacionais, reflexo do controle estatal e da sempre presente possibilidade de uso político da companhia”, escreveu Moran. “Por exemplo, a atual política de preços de combustíveis não é clara. Ainda assim, acreditamos que o desconto em relação aos pares possa diminuir ao longo do tempo, com PETR4 sendo a ‘porta de entrada’ para o fluxo de investidores estrangeiros em busca de ações com grande liquidez”, complementou.
- BTG Pactual — Recomendação: compra
O BTG Pactual (BPAC11) elevou a recomendação para as American Depositary Receipts (ADRs) da Petrobras de neutro para compra na última quarta-feira (23).
O banco de investimento avalia que os riscos associados à estatal estão mais baixos, especialmente depois da decisão de reajustar os preços dos combustíveis.
Em relatório, os analistas Pedro Soares e Thiago Duarte escreveram: “A decisão recente de aumentar os preços dos combustíveis retirou uma das últimas razões para a nossa visão cautelosa em relação à tese. Havíamos subestimado os mecanismos de defesa oferecidos pelo (aprimorado) estatuto da Petrobras, bem como a proteção da lei das empresas estatais. Agora, acreditamos (e esperamos) que a alocação de capital da empresa não pode ser tão facilmente modificada, o que protege os resultados, preserva seu balanço enxuto e melhora a visibilidade de que os dividendos permanecerão mais relevantes por mais tempo.”
O BTG tem preço-alvo de US$ 16 para as ADRs da Petrobras.
- Ágora Investimentos — Recomendação: compra
A Ágora atualizou sua recomendação de neutra para compra. A mudança veio um dia após a Petrobras anunciar o reajuste no preço dos combustíveis. Com a alteração, por enquanto, o risco é menor, na visão da casa.
“A Petrobras é um investimento de grande retorno total, em nossa opinião, embora o nosso preço-alvo ofereça upside relativamente baixo”, diz a Ágora em relatório.
O preço-alvo para os papéis PETR4 foi mantido em R$ 38 por ação.
- Santander — Recomendação: compra
O Santander (SANB11) manteve a recomendação de compra para as ADRs da Petrobras, com preço-alvo de US$ 19 por papel. Mesmo com as mudanças anunciadas em 2023, o banco vem reafirmando a confiança na estatal.
A instituição observa que a nova política de dividendos na estatal deve reduzir o pagamento de proventos, ainda que sejam distribuídos em um nível sólido.
“O novo pagamento implica em DYs para 2023 e 2024 de 13% e 9%, respectivamente e um atraente EV/EBITDA em 2024 de 2,5x (um desconto de aproximadamente 40% para grandes empresas globais e 15% para pares chineses), apoia a nossa classificação de compra”, escrevem os analistas Rodrigo Almeida e Eduardo Muniz sobre a Petrobras.