Saiu mais um capítulo da crise entre os principais acionistas da Gafisa (GFSA3). A empresa convocou outra Assembleia Geral Extraordinária (AGE) para o dia 26 de abril, a pedido da ESH Capital, que quer destituir o conselho de administração e processar os gestores por supostas irregularidades.
A ESH Capital, que administra o fundo ESH Theta, detém cerca de 10% das ações da Gafisa e acusa os administradores de causarem prejuízos milionários à empresa em duas operações de venda de ativos.
A gestora pede que a AGE aprove uma ação de responsabilidade contra os gestores e eleja novos conselheiros para um mandato de dois anos.
Quais são os fatos que a ESH Capital acusa administradores?
A primeira operação questionada pela ESH Capital envolve a venda de cotas do Brazil Realty FII, um fundo imobiliário que tinha participação em imóveis da Gafisa. A gestora alega que a operação foi feita para encobrir um calote de dois fundos que compraram as cotas, o Bergamo FIM e o Panarea FIM, e que a Gafisa deixou de receber R$ 100 milhões.
A segunda operação diz respeito à venda da RK8 SPE, uma empresa que tinha um projeto imobiliário em São Paulo, para o Altamura FIP, um fundo de investimento em participações. A gestora afirma que a operação foi uma fraude, pois o Altamura FIP seria ligado a um acionista da Gafisa, e que a empresa perdeu R$ 280 milhões.
Em função disso, a Esh Capital solicitou a AGE da Gafisa a fim de suspender os direitos do empresário Nelson Tanure na empresa.
Os acionistas do Estocolmo Fundo de Investimento Multimercado e do Ravello Fundo de Investimento em Participação Multiestratégia, por meio da gestora MAM Asset Management, solicitaram a inclusão na pauta da AGE de um pedido para que a administração da Gafisa “apure e avalie todos os prejuízos causados” pela Esh.
A Esh alega que o Estocolmo é um dos veículos por meio dos quais Tanure detém participação na Gafisa.
Tanure, que já é o maior acionista pessoa física da construtora, opera por meio de corretoras. O bilionário é conhecido por investir e liderar grandes projetos de reestruturação de empresas. Um caso recente é o da Light (LIGT3), que passa por um processo de recuperação judicial e fez trocas em seu comando.
Desde de abril de 2019, Nelson Tanure passou a integrar o conselho administrativo da Gafisa. Na época, a companhia enfrentava um cenário difícil com queda nas vendas e altas dívidas.
Recentemente, a construtora teve suas marcas penhoradas pela Justiça de São Paulo como garantia do pagamento de uma dívida de R$ 1,4 milhão, com um condomínio de luxo no bairro do Itaim Bibi, em São Paulo.
Administradores negam acusações da ESH Capital
A Gafisa, por sua vez, nega as acusações e diz que a ESH Capital está tentando desestabilizar a empresa e tomar o seu controle. A empresa afirma que as operações foram legais e vantajosas, e que a gestora está agindo de má-fé e sem fundamentos.
Em reuniões passadas, o conselho de administração subiu o tom e destacou supostos “abusos” por parte do ESH Theta Master Fundo de Investimento.
O conselho também deliberou por autorizar a diretoria a tomar medidas “a serem tomadas em face da ESH em vista dos recorrentes abusos perpetrados em face da companhia”.
Os administradores citaram, na pauta da reunião, que tal situação “vem criando instabilidade e prejuízo à regular condução normal dos negócios sociais” e reitera “a indignação e repúdio da administração da Companhia em relação a mais um pedido de convocação de AGE em nova investida para tentar alterar a administração”.
Ações da GFSA3 disparam depois de marcar nova assembleia
Na manhã desta quinta-feira (15), a Gafisa emitiu uma nota agendando a nova AGE para o dia 26 de abril. No documento, a construtora explica os motivos para a assembleia apresentando os pontos de vistas da ESH e dos administradores da empresa.
Em função disso, as ações da Gafisa chegaram a disparar mais de 10% no pregão de hoje. Elas perderam força durante o horário do almoço, mas ainda assim figuram entre as maiores valorizações da bolsa. Por volta das 13h38, a GFSA3 subia quase 7%.
