A batalha da Gafisa ($GFSA3) contra a Esh Capital deve sair do campo acionário e entrar na esfera jurídica em breve. Isso porque o conselho da construtora aprovou, em reunião do conselho de administração, o ajuizamento de processos contra a Esh Capital, gestora da Esh Theta Fundo de Investimento Multimercado, alegando condutas consideradas ilícitas, abusivas e recorrentes praticadas pelos acionistas da gestora, que já havia pedido cinco vezes a destituição desse mesmo conselho e a eleições e novos membros.
Todas as tentativas da Esh de tentar eleger um novo conselho, convocando uma assembleia geral extraordinária (AGE) foram rechaçadas pela empresa. Diante dessa conduta, a diretoria da Gafisa irá apurar as supostas perdas e danos causados à companhia em decorrência de condutas do fundo de investimentos.
Além disso, também foi aprovado o ajuizamento de processos de reparação de ação de responsabilidade e de indenização com reparação de eventuais danos e prejuízos que eventualmente tenham sido causados ao conselho e seus membros, “inclusive com eventual ingresso de medidas judiciais cabíveis cíveis e criminais pelos danos morais e de imagem causados aos membros do Conselho de Administração.”
A reunião na qual os processos foram aprovados teve a participação do escritório de advocacia Cescon, Barrieu, Flesch & Barreto Advogados, para fins de apresentação e prestação de esclarecimentos.
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Gafisa (GFSA3) já havia visto “abusos” por parte da Esh
Em reunião há quase dez dias, o conselho subiu o tom e destacou supostos “abusos” por parte do fundo. Além disso, o conselho deliberou por autorizar a diretoria a tomar medidas “a serem tomadas em face da Esh em vista dos recorrentes abusos perpetrados em face da companhia”, que veio a ser as ações aprovadas na reunião desta quinta (15).
O conselho informou também, naquela ocasião, que tal situação “vem criando instabilidade e prejuízo à regular condução normal dos negócios sociais” e reitera “a indignação e repúdio da administração da Companhia em relação a mais um pedido de convocação de AGE em nova investida para tentar alterar a administração”.
Hoje, mais cedo, a empresa havia convocado outra AGE para o dia 26 de abril, também a pedido da Esh, novamente para destituir o conselho de administração e processar os gestores por supostas irregularidades.
A Esh Capital, que administra o fundo ESH Theta, detém cerca de 10% das ações da Gafisa (GFSA3) e acusa os administradores de causarem prejuízos milionários à empresa em duas operações de venda de ativos.
Entenda a batalha acionária
A primeira operação questionada pela Esh envolve a venda de cotas do Brazil Realty FII, um fundo imobiliário que tinha participação em imóveis da Gafisa. A gestora alega que a operação foi feita para encobrir um calote de dois fundos que compraram as cotas, o Bergamo FIM e o Panarea FIM, e que a Gafisa deixou de receber R$ 100 milhões.
Já a segunda operação diz respeito à venda da RK8 SPE, uma empresa que tinha um projeto imobiliário em São Paulo, para o Altamura FIP, um fundo de investimento em participações. A gestora afirma que a operação foi uma fraude, pois o Altamura FIP seria ligado a um acionista da Gafisa, e que a empresa perdeu R$ 280 milhões. Em função desses ocorridos, a Esh solicitou a AGE a fim de suspender os direitos do empresário carioca Nelson Tanure.
Os acionistas do Estocolmo Fundo de Investimento Multimercado e do Ravello Fundo de Investimento em Participação Multiestratégia, por meio da gestora MAM Asset Management, solicitaram a inclusão na pauta da AGE de um pedido para que a administração da Gafisa “apure e avalie todos os prejuízos causados” pela Esh que, por sua parte, alega que o Estocolmo é um dos veículos por meio dos quais Tanure detém participação na Gafisa (GFSA3).