A temporada de resultados do segundo trimestre chegou ao fim e, como de costume, a atenção do mercado se voltou para a Petrobras ($PETR4). Os últimos números da estatal reacenderam dúvidas sobre a estratégia da companhia e a atratividade de suas ações. Analistas da EQI Research, Nicolas Mercola e Felipe Paletta, comentam os desdobramentos e explicam por que ainda mantêm a ação em carteira. Confira!
Faz sentido manter PETR4 na carteira: surpresa com balanço
Segundo Paletta, o mercado se surpreendeu não apenas pelo aumento no nível de investimentos da companhia, mas também pelo direcionamento desses recursos.
“Apesar de os investimentos ainda serem elevados, eles estão concentrados no pré-sal, que é o que o mercado espera, e não em outros segmentos fora do core da Petrobras”, explica.
Outro ponto que chamou atenção, segundo os analistas, foi o possível retorno da Petrobras ao segmento de distribuição, especialmente de GLP. Historicamente, essa verticalização tem sido criticada pelo mercado por aumentar a exposição da empresa a interferências políticas na precificação de combustíveis, sem necessariamente trazer maior rentabilidade.
Mercola detalha: “O que a companhia sinalizou foi uma preparação do terreno. Não há nada concreto ainda. É uma indicação de que, eventualmente, a Petrobras poderá investir novamente na distribuição, mas isso depende de etapas e processos internos”.
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Ele ressalta que o investimento em distribuição ainda enfrenta restrições, devido a acordos de não competição decorrentes da venda dos postos BR à Vibra.
Para os analistas, a prioridade continua sendo a produção e extração de petróleo. Paletta lembra que os anos mais lucrativos da Petrobras — com distribuição de dividendos superiores a 20% — ocorreram justamente quando a companhia estava focada no pré-sal.
“Mais do que o resultado do trimestre em si, que continua operacionalmente forte, o mercado se preocupa com a sinalização de possíveis mudanças no direcionamento da empresa”, acrescenta.
Dividendos de PETR4: o que esperar?
O tema dos dividendos também gera debate. A Petrobras anunciou uma distribuição de R$ 8,6 bilhões neste trimestre, o equivalente a 2% do valor de mercado — abaixo da expectativa de 2,5% a 3% que muitos investidores tinham.
“O mercado estava acostumado a dividendos extraordinários, e essa frustração reflete a preocupação de que os investimentos recentes possam comprometer essas distribuições no futuro”, explica Mercola.
Ação ainda está barata
Apesar das sinalizações de mudança, os analistas reforçam que a empresa segue atraente do ponto de vista de valuation.
“Ainda vemos a Petrobras como um negócio barato. Considerando o múltiplo preço/lucro ajustado, a companhia está operando entre 3 e 4 vezes, o que é muito competitivo, especialmente para uma empresa de commodities”, afirma Mercola.
Ele destaca ainda que a companhia vem batendo recordes de produção trimestre após trimestre, o que ajuda a compensar a volatilidade nos preços do petróleo.
PETR4: manter ou não no portfolio?
Quanto à decisão de manter PETR4 na carteira, os analistas defendem cautela, mas também reconhecem o potencial da empresa.
“As sinalizações são ruins e nos preocupam, mas grande parte disso já está precificada. No cenário atual, não é o momento de reduzir a posição”, concluem. Atualmente, PETR4 representa 10% da carteira recomendada de ações da EQI Research, refletindo equilíbrio entre oportunidade e risco.
Em resumo, para investidores que buscam exposição a uma empresa globalmente competitiva e com valuation atrativo, manter PETR4 na carteira ainda faz sentido. Mas é essencial acompanhar de perto os próximos passos da estatal, especialmente em relação à possível retomada do segmento de distribuição e ao impacto disso nos dividendos.
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