O BTG Pactual ($BPAC11) rebaixou sua recomendação para as ações do Banco do Brasil ($BBAS3) de “compra” para “neutra”, após a divulgação de resultados do primeiro trimestre de 2025 (1TRI25) considerados “piores do que o temido” por analistas. Em relatório publicado nesta segunda-feira (19), o banco de investimentos afirma que, apesar do valuation ainda atrativo, optou por adotar uma postura mais cautelosa, diante da piora da inadimplência no segmento do agronegócio e impactos da nova regulação contábil.
“O balanço não parece tão forte quanto há alguns anos. A situação pode piorar antes de melhorar”, aponta o documento. Na última sexta-feira (16), as ações do BB recuaram 13%, reflexo direto da reação negativa ao balanço.
Um dos principais fatores para o rebaixamento é o agravamento da inadimplência (NPLs) na carteira de crédito do agronegócio, que representa quase um terço da carteira total do banco. Segundo o BTG, a deterioração dos ativos superou as projeções anteriores do próprio Banco do Brasil, e ainda não há sinais claros de estabilização.
Parte dos clientes realmente enfrenta dificuldades, segundo o relatório, mas outros optam por não pagar, à espera de algum tipo de renegociação, como um programa de REFIS. O banco também observa que a qualidade dos ativos caiu em termos econômicos e não apenas contábeis, o que levanta preocupações estruturais.
BTG Banco do Brasil foi mais afetado com mudança de regras de provisionamento
A implementação da Resolução 4.966, que altera as regras para apropriação de receitas e exigências de provisionamento, teve impacto direto nos resultados do trimestre. Com uma carteira agro altamente reestruturada, o BB foi mais afetado do que os pares privados. A mudança impediu a contabilização de juros em determinados contratos, o que reduziu a receita em cerca de R$ 1 bilhão, conforme reconhecido pela própria administração.
Durante a teleconferência de resultados, o CEO do Banco do Brasil informou que já há conversas com o Banco Central sobre um possível tratamento regulatório diferenciado para a carteira do agronegócio. O CFO, por sua vez, reiterou que o payout segue em 40%, mesmo com o cenário adverso, e que o ROE deve oscilar entre 17% e 18% no curto prazo. Ainda assim, o banco optou por suspender o guidance formal, sinalizando dificuldades na previsibilidade de resultados futuros.
Cortes nas projeções e redução no preço-alvo
Com a revisão do modelo, o BTG reduziu em 25% sua estimativa de lucro por ação (LPA) para 2025 e em 19% para 2026. O lucro líquido projetado para este ano é de R$ 29,4 bilhões, com ROE de 15,6%. Para 2026, a nova projeção é de R$ 33,1 bilhões.
Com isso, o preço-alvo das ações do BB foi cortado de R$ 34 para R$ 30. Atualmente, BBAS3 negocia a 0,82 vezes seu valor patrimonial e a 5 vezes o lucro estimado para 2025, com um dividend yield ainda atrativo, em torno de 7,4%.
O relatório lembra que desde a recomendação de “compra” em fevereiro de 2022, as ações do BB entregaram retorno de 89%, superando o Ibovespa (22%) e os pares Itaú (83%) e Bradesco (1%). Apesar do histórico positivo, o BTG conclui que, diante da elevada incerteza no curto prazo, prefere aguardar melhores pontos de entrada ou maior visibilidade sobre os resultados futuros antes de retomar uma posição mais otimista.