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BTG Pactual nega tratativas com a Raízen em meio à sua pior crise desde o IPO

BTG Pactual nega tratativas com a Raízen em meio à sua pior crise desde o IPO

Banco descarta negociações citadas pelo mercado enquanto a Raízen enfrenta prejuízo bilionário, explosão da alavancagem e queda de 88% desde a abertura de capital, reacendendo especulações sobre uma possível reestruturação societária

O BTG Pactual (BPAC11) negou nesta terça-feira (25) que esteja em tratativas para ingressar no capital da Raízen (RAIZ4), após rumores de que a companhia de energia poderia buscar um novo aporte diante da deterioração de seus resultados.

A manifestação foi feita em resposta a um questionamento da CVM, que solicitou esclarecimentos sobre uma reportagem mencionando suposta movimentação envolvendo Shell, Cosan (CSAN3) e um potencial investimento bilionário.

No comunicado oficial enviado ao regulador, o diretor de Relações com Investidores do BTG, Renato Hermann Cohn, afirmou que o banco e suas subsidiárias “não estão envolvidos em qualquer negociação relacionada à transação mencionada”, reiterando que não há elementos que configurem fato relevante conforme a Resolução CVM 44/2021.

A negação ocorre justamente no momento em que a Raízen atravessa a fase mais crítica desde seu IPO, o que explica por que o rumor ganhou forte tração no mercado.

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Negócio bilionário com a Cosan ainda pesa no radar do mercado

O ceticismo dos investidores em relação a desmentidos envolvendo o BTG não surgiu do nada. Em setembro, um roteiro parecido foi observado na Cosan, controladora da Raízen.

Em 11 de setembro, o banco enviou um comunicado à CVM negando estar envolvido em negociações para adquirir uma fatia relevante na holding de Rubens Ometto, após reportagens apontarem o interesse de André Esteves.

Onze dias depois, a transação foi anunciada: BTG, Perfin e Aguassanta estruturaram um aumento de capital de R$ 10 bilhões na Cosan, sendo R$ 4,5 bilhões aportados pelo BTG, em grande parte via partnership, R$ 2 bilhões pela gestora Perfin e R$ 750 milhões pelo family office de Ometto.

O movimento reduziu de forma relevante a dívida corporativa da Cosan e levou BTG, Perfin e Aguassanta a deterem, juntos, 55% da companhia.

Resultados fracos da Raízen alimentam rumores de reestruturação

Ao mesmo tempo, a Raízen vive a pior fase desde a abertura de capital. No 2TRI26 da safra (segundo trimestre da safra 2025/2026), a companhia reportou prejuízo de R$ 2,3 bilhões, um salto negativo em relação à perda de R$ 158 milhões observada no 2TRI25. O Ebitda recuou 39,7%, para R$ 2,787 bilhões, enquanto a receita líquida encolheu 17,8%, somando R$ 59 bilhões no período.

A pressão sobre o balanço aparece com mais força na alavancagem: a relação dívida líquida/Ebitda ajustado dos seis primeiros meses da safra 25/26 subiu para 5,1 vezes, quase o dobro das 2,6 vezes registradas um ano antes.

Esse desempenho contaminou o 3TRI25 da Cosan, que viu seus números afetados diretamente pelo resultado da Raízen. Durante a teleconferência com analistas, o CEO da Cosan, Marcelo Martins, reconheceu a urgência de uma solução para a estrutura de capital da controlada e destacou que as conversas com a Shell, sócia no negócio, vêm avançando, sinalizando que alternativas mais profundas — como reorganização societária, ajustes em ativos ou reforço de capital — estão na mesa.

Na bolsa, o quadro é igualmente duro. As ações da Raízen acumulam queda próxima de 62% em 2025 e recuam cerca de 88% desde o IPO em 2021, sendo negociadas em torno de R$ 0,81, a mínima histórica.

A combinação de prejuízo bilionário, alavancagem elevada, margens pressionadas e preço em piso reforça a percepção de que a companhia precisará de algum tipo de equacionamento de capital, o que torna qualquer rumor de entrada de novos investidores mais crível aos olhos do mercado.

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