O banco BTG Pactual ($BPAC11) manteve sua recomendação neutra para as ações do GPA ($PCAR3) após a divulgação dos resultados do primeiro trimestre de 2025 (1TRI25), divulgados ontem (5). O desempenho foi considerado misto: enquanto as vendas e a rentabilidade superaram as expectativas, a alavancagem financeira continua elevada e é apontada como um fator de risco.
A receita bruta consolidada do GPA no 1TRI25 foi de R$ 5,1 bilhões, alta de 4,6% em relação ao mesmo período do ano anterior e 2% acima das projeções do BTG. O crescimento das vendas nas lojas comparáveis (SSS) foi de 7,3%, já ajustado por efeitos de calendário. Por canal, o SSS ajustado avançou 6,5% nas lojas Pão de Açúcar, 6,6% no Extra Mercado e 7,8% nas lojas de proximidade.
De acordo com o GPA, o bom desempenho comercial foi impulsionado tanto por maior volume de vendas quanto por aumento do ticket médio. No trimestre, a companhia inaugurou 11 novas unidades, sendo 10 lojas de proximidade e um supermercado.
GPA (PCAR3): lucro bruto cresce 5,6%
No campo da rentabilidade, o lucro bruto foi de R$ 1,3 bilhão, com crescimento de 5,6% na comparação anual e margem bruta de 27,6% — resultado que também superou as expectativas do BTG. A melhora foi atribuída a negociações mais eficazes com fornecedores, estratégias de precificação mais eficientes e redução nas perdas de produtos, além da contribuição de receitas com mídia no varejo.
As despesas operacionais (SG&A) totalizaram R$ 950 milhões, representando uma queda de 10 pontos-base como percentual da receita líquida, favorecidas por maior alavancagem operacional, cortes de custos e o fim de despesas com partes relacionadas ao antigo controlador. O EBITDA ajustado (pós-IFRS 16), excluindo R$ 85 milhões em despesas de reestruturação, ficou em R$ 409 milhões — avanço de 10% frente ao 1TRI24 e 3% acima das estimativas.
Entretanto, o resultado financeiro pressionou o lucro. As despesas financeiras líquidas somaram R$ 318 milhões, acima dos R$ 298 milhões do ano anterior. Com isso, o prejuízo das operações continuadas foi de R\$ 280 milhões, frente à projeção de -R$ 248 milhões e a perda de R$ 407 milhões registrada no 1T2RI4.
O fluxo de caixa operacional após investimentos (Capex) foi negativo em R$ 620 milhões, uma melhora modesta ante os R$ 679 milhões negativos de um ano antes. A dívida líquida da companhia aumentou para R$ 2,4 bilhões, contra R$ 1,7 bilhão no 1TRI24, resultando em um índice de alavancagem de 2,8 vezes o EBITDA ajustado — ainda elevado, embora abaixo dos 3,0x do mesmo período do ano passado.
Para o BTG, apesar da melhora operacional e dos avanços na reestruturação, a estrutura de capital continua sendo um ponto de atenção, especialmente em um ambiente de juros elevados. “Ainda vemos o GPA como uma opção mais arriscada entre os varejistas de alimentos”, afirma o relatório. Por isso, o banco reiterou sua recomendação neutra para a ação.
Como foi o balanço do GPA
O GPA (PCAR3) registrou prejuízo de R$ 169 milhões na comparação com o período anterior. Quando analisadas separadamente, as operações continuadas tiveram prejuízo de R$ 93 milhões, uma redução de 77% em relação aos R$ 407 milhões do balanço precedente. Já as operações descontinuadas apresentaram perda de R$ 75 milhões, queda de 70,2%.
No mesmo período, a receita líquida do grupo avançou 3,9%, alcançando R$ 4,767 bilhões. O lucro bruto também cresceu, com alta de 5,6%, totalizando R$ 1,315 bilhão. A margem bruta ficou em 27,6%, um incremento de 0,4 ponto percentual. Outro destaque foi o EBITDA ajustado, que subiu 9,9%, chegando a R$ 409 milhões, com margem de 8,6%.