A Avon Products, subsidiária da Natura &Co (NTCO3) e holding das operações internacionais da marca, entrou com um pedido de recuperação judicial no Tribunal de Delaware, nos Estados Unidos, na segunda-feira (12).
A empresa, que não realiza operações desde 2016, busca reorganizar suas finanças por meio do procedimento conhecido como Chapter 11.
Fundada em 1886, a Avon enfrentava dívidas e passivos jurídicos relacionados a questões de saúde, causadas pelo uso de um talco da marca, problema que surgiu antes da aquisição pela Natura.
Para apoiar o processo, a Natura &Co, maior credora da Avon Products (API), fornecerá um financiamento de US$ 43 milhões na modalidade DIP (debtor-in-possession) e pretende fazer uma oferta de US$ 125 milhões pelos ativos da API.
Recuperação judicial da Avon: o que é o Chapter 11?
O Chapter 11, parte do Código de Falências dos Estados Unidos, permite que empresas em dificuldades financeiras, como a API, reorganizem suas dívidas sob a supervisão de um tribunal, sem interromper completamente suas operações. Esse processo visa ajudar as empresas a evitar a falência total, permitindo que elas se reestruturem e voltem a ser viáveis financeiramente.
No caso da Avon, o pedido de Chapter 11 resultará na perda de controle direto da Natura &Co sobre a API, que será obrigada a vender seus ativos. A Natura planeja fazer uma oferta de US$ 125 milhões pela Avon International, utilizando créditos existentes como parte da contraprestação. Este movimento também levou à suspensão dos estudos para separar a Avon International em empresas independentes e listadas, uma estratégia originalmente planejada para atrair mais investidores.
Embora a Avon enfrente essa reestruturação, a Natura afirmou que os ativos da Avon na América Latina, que não estão sob a API, não devem ser afetados, garantindo a continuidade da integração das operações da Natura e Avon na região.
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Compra da Avon pela Natura: relembre
A aquisição da Avon pela Natura foi um marco significativo na história da indústria de cosméticos global. O processo teve início em maio de 2019, quando a Natura &Co, conglomerado brasileiro do setor de beleza, anunciou a compra da Avon Products, uma das mais tradicionais empresas de venda direta de cosméticos no mundo. A negociação envolveu uma transação de troca de ações, onde os acionistas da Avon receberam 0,3 ação da Natura &Co para cada ação da Avon que possuíam, resultando na criação de um dos maiores grupos de beleza do mundo.
A aquisição foi oficialmente concluída em janeiro de 2020, após a aprovação dos acionistas e autoridades regulatórias. Com essa compra, a Natura &Co passou a controlar 76% da nova companhia, enquanto os acionistas da Avon detinham os 24% restantes. O acordo valorizou a Avon em cerca de US$ 2 bilhões, levando em consideração o preço das ações da Natura na época.
A integração da Avon ao portfólio da Natura &Co, que já incluía as marcas Natura, The Body Shop e Aesop, foi um passo estratégico para consolidar a posição da empresa brasileira no mercado global. A operação permitiu à Natura expandir sua presença em mercados importantes como a América Latina, onde a Avon já possuía uma forte atuação, especialmente em países como Brasil e México.
A compra também simbolizou um movimento significativo no modelo de negócios da Natura, ampliando sua rede de distribuição através do fortalecimento da venda direta, canal onde a Avon sempre foi um ícone, e explorando novas sinergias entre as marcas do grupo. A união das duas empresas criou uma gigante do setor, presente em mais de 100 países, com uma força de trabalho composta por milhões de consultoras e consultores de beleza.
Esse processo de aquisição foi visto como um movimento ousado que permitiu à Natura &Co diversificar seu portfólio, aumentar seu alcance global e competir de forma mais efetiva com outras grandes empresas de cosméticos em escala internacional.
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