A Americanas (AMER3) e risco sacado levaram a uma relação tensa da rede varejista com os bancos, principalmente após a rede divulgar um rombo de R$ 20 bilhões em sua contabilidade. Acontece que, desde 2015, esse tipo de operação praticamente quintuplicou por parte da rede varejista.
Segundo matéria do Valor Econômico, naquele ano, o volume de risco sacado chegou a R$ 3,44 bilhões em dezembro de 2015. Sete anos depois, esse montante de operações já atingia R$ 15,9 bilhões. Os dados estão em relatório entregue pelos administradores judiciais da empresa à justiça.
Esse relatório dava conta de que o risco sacado respondia por um montante de R$ 16,14 bilhões das dívidas referentes ao processo de recuperação judicial. O grupo de administradores judiciais também informaram que divulgar informações financeiras de forma semanal e mensal.
Americanas (AMER3) e risco sacado: saiba o que é esse tipo de operação
A crise da Americanas (AMER3), que perdeu boa parte de seu valor de mercado após a descoberta de “inconsistências contábeis” avaliadas em cerca de US$ 20 bilhões pode ser explicada pela ausência de lançamentos de uma operação muito comum dentro do mercado varejista: o risco sacado.
Essas operações são feitas em conjunto entre as grandes empresas e seus fornecedores para adiar ou parcelar o pagamento de produtos vendidos em grandes quantidades, como é comum acontecer nas negociações entre fabricantes e companhias gigantes de venda.
Como ela funciona? Após o faturamento dos produtos, com prazo de vencimento prolongado, o fornecedor recebe o pagamento via instituição financeira e o varejista passa a ter sua dívida com essa instituição e não mais com a indústria fabricante. Esse prazo pode ser prorrogado para até 360 dias, como é o caso de algumas das operações feitas pela Americanas.
O plano de recuperação da Americanas (AMER3), divulgado no fim da noite de segunda-feira (20), aponta para algumas medidas como uma capitalização de R$ 10 bilhões que ocorrerá em uma emissão de ações e critérios de pagamentos a alguns credores e venda de alguns ativos.
Cronologia da crise da Americanas (AMER3)
Entenda melhor a sequência de episódios que levaram a Americanas a chegar até o pedido de recuperação judicial:
- 11 de janeiro: após fim do pregão, companhia divulga fato relevante informando ter detectado inconsistências de R$ 20 bilhões e renúncia do então CEO, Sérgio Rial;
- 12 de janeiro: em um primeiro momento, credores concordaram em rolar dívida; em primeiro pregão após fato do dia 11, ação tem queda de 76%; e grupo de investidores estuda medida para proteger acionistas minoritários;
- 13 de janeiro: CVM abre processos para investigar inconsistências; auditoria da PwC é supostamente colocada sob dúvida; empresa reconhece dívida de R$ 40 bilhões e recuperação judicial começa a ser considerada; empresa entra com tutela de urgência para impedir vencimento antecipado de dívidas;
- 16 de janeiro: BTG vai à justiça para bloquear R$ 1,2 bi da Americanas (AMER3); João Duarte Guerra é nomeado novo CEO;
- 17 de janeiro: juros remuneratórios de debêntures não são pagos a investidores; empresa contrata CFO Camille Faria, especialista em atuar em recuperação judicial; empresa sofre rebaixamento de ratings;
- 18 de janeiro: CVM estuda punição individual a envolvidos;
- 19 de janeiro: Bradesco (BBDC4) e Itaú-Unibanco (ITUB4) pedem que companhia precise de autorização judicial para realizar saques; Americanas (AMER3) entra com pedido oficial de recuperação judicial reconhecendo dívidas de R$ 40 bilhões;
- 20 de março: após dois meses e nove dias, a Americanas (AMER3) apresenta seu plano de recuperação para se reestruturar e manter suas operações.
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