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Plano de recuperação da Americanas (AMER3): conheça detalhes

Plano de recuperação da Americanas (AMER3): conheça detalhes

O plano de recuperação da Americanas (AMER3), divulgado no fim da noite de segunda-feira (20), aponta para algumas medidas como uma capitalização de R$ 10 bilhões que ocorrerá em uma emissão de ações e critérios de pagamentos a alguns credores e venda de alguns ativos.

Porém, a companhia esclarece que o plano ainda segue em discussão e está sujeito a revisões e ajustes, e ainda reflete discussões mantidas entre a companhia, seus acionistas de referência, os seus principais credores e outros stakeholders. Portanto, as condições podem ser revistas antes da homologação.

Outro ponto previsto no plano é a realização de um leilão reverso, onde a rede varejista propõe o pagamento antecipado de R$ 2,5 bilhões a credores quirografários – aqueles que não possuem um direito real de garantia – que optarem por receber a quitação integral da totalidade ou de parte de seus créditos com um desconto de até 70% do respectivo montante ofertado pelo credor. Confira abaixo os detalhes:

Plano de recuperação da Americanas (AMER3): aporte de R$ 10 bilhões

O primeiro ponto do plano é o aporte de R$ 10 bilhões. Esta capitalização se dará por meio de prospecção e adoção de medidas durante a recuperação judicial visando à obtenção de novos recursos através de um aumento de capital.

O objetivo desse aporte é assegurar os recursos mínimos necessários para a implementação dos termos e condições de reestruturação dos créditos contemplados no Plano, sendo assegurado aos atuais acionistas direito de preferência para a subscrição do Aumento de Capital.

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Outro objetivo a ser alcançado é a reestruturação e equalização das dívidas, mediante alteração no volume, prazo, encargos e forma de pagamento de créditos concursais.

Créditos trabalhistas e credores de pequeno porte

Com relação às dívidas trabalhistas a aos valores devidos aos credores de pequeno porte, os créditos remanescentes dos credores trabalhistas e dos fornecedores do tipo microempresa e no formato EPP serão quitados de acordo em até 30 dias contados da data de homologação do plano de recuperação judicial.

Aos fornecedores, cujos valores devidos atinjam até R$ 12 mil, os valores serão pagos integralmente em até 30 dias contados da data da homologação; quem cobra valores superiores a R$ 12 mil e que aceitaram receber este valor em troca da quitação do débito, também deverão receber os valores em até 30 dias.

Já aos fornecedores que não quiseram aderir ao recebimento dos valores de R$ 12 mil – e que possuem créditos acima desse montante – serão pagos em 48 parcelas mensais iguais após uma aplicação de deságio de 50% ao valor total das dívidas. A primeira parcela vence no primeiro dia útil após homologação do plano.

Caso o credor seja fornecedor de produtos de revenda e se habilite tempestivamente aos termos de credor fornecedor colaborador previstos no plano, poderá receber até a totalidade dos seus créditos à vista, em até um ano após a homologação do Plano ou 15 dias após o aumento de capital, o que ocorrer primeiro.

Bancos e outros credores quirográficos

Com relação aos bancos – os principais credores da companhia – e outros credores quirográficos estes poderão participar de um leilão reverso por duas opções: Reestruturação Dívida a Mercado ou Reestruturação Dívida Subordinada.

O leilão reverso ocorrerá da seguinte forma: será promovido, em até 60 dias contados da conclusão do aumento de capital, uma rodada de pagamento antecipado de até R$ 2,5 bilhões aos credores quirografários que optarem por receber a quitação integral da totalidade ou de parte de seus créditos com um desconto de até 70%.

Na opção de Reestruturação Dívida a Mercado, os credores poderão optar pelo pagamento do saldo remanescente dos seus respectivos créditos, após eventual pagamento de parte dos créditos no contexto do leilão reverso, desde que obedecendo a alguns critérios:

  • Capitalização de créditos: mediante a capitalização de tal saldo em aumento de capital no valor de até R$ 10 bilhões, a ser realizado em até 90 dias após o aumento de capital;
  • Recompra de créditos: em até 60 dias contados da conclusão da capitalização de créditos, a Americanas utilizará o montante total de até R$ 2,5 bilhões provenientes do aumento de capital, para realizar o pagamento, de forma pro rata, de parte do saldo remanescente de créditos de titularidade dos credores quirografários que escolherem a Opção de Reestruturação Dívida a Mercado, com um desconto de 60% sobre o valor de face dos respectivos créditos;
  • Debêntures: em até 180 dias após a capitalização de créditos, a Americanas emitirá debêntures no valor total de até R$ 5,9 bilhões para pagamento, de forma pro rata, de parte do saldo remanescente de créditos de titularidade dos credores quirografários que escolherem a opção de pagamento estabelecida no item anterior.

Na opção de dívida subordinada, a rede também emitirá debêntures para pagamento dos saldos remanescentes dos créditos de credores que não entraram com processos na justiça e escolham a Opção de Reestruturação Dívida Subordinada ou que não receberem o pagamento da totalidade dos seus créditos nos termos descritos nos itens anteriores relacionados à Opção de Reestruturação Dívida a Mercado.

Os credores que não estejam adimplentes com seu compromisso de não litigar, previsto no plano de recuperação ou aqueles que não optarem por nenhuma das alternativas anteriores receberão os pagamentos na modalidade pagamento geral, ou seja: os saldos remanescentes serão reduzidos no percentual de 80% e pagos em apenas uma parcela, no mês de março de 2043.

Venda de ativos

Por fim, também está considerado no plano uma possível venda de ativos, como a rede Hortifruti Natural da Terra, participação da companhia no Grupo Uni.Co – que inclui marcas como Imaginarium e outras – e aeronave de propriedade da empresa.

“A Companhia utilizará até R$ 2 bilhões dos recursos provenientes das alienações de ativos, para maximizar a redução de sua dívida remanescente, sendo o primeiro R$1 bilhão levantado destinado à recompra de dívida a mercado e o saldo dos recursos levantados, limitados a R$ 1 bilhão, para recompra de dívida subordinada”, detalhou a companhia em seu plano.

Com isso a companhia pretende reduzir seu endividamento a mercado, pós reestruturação, para R$ 4,9 bilhões, conforme previsto no Plano de Recuperação da Americanas (AMER3).

EQI Research vê diluição da base de acionistas

A EQI Research mantém neutralidade com relação a rede varejista após a apresentação do plano de recuperação da Americanas (AMER). A Research considera que a apresentação era esperada. Mas vê uma diluição por conta da capitalização de R$ 10 bilhões.

“O protocolo da recuperação judicial nos órgãos competentes já era aguardado pelo mercado e a proposta ainda precisa ser aprovada. A previsão de capitalização de R$ 10 bilhões pode significar diluição significativa aos atuais acionistas e resta como principal risco”, avaliou a EQI Research.

Cronologia da crise da Americanas (AMER3)

Entenda melhor a sequência de episódios que levaram a Americanas a chegar até o pedido de recuperação judicial:

  • 11 de janeiro: após fim do pregão, companhia divulga fato relevante informando ter detectado inconsistências de R$ 20 bilhões e renúncia do então CEO, Sérgio Rial;
  • 12 de janeiro: em um primeiro momento, credores concordaram em rolar dívida; em primeiro pregão após fato do dia 11, ação tem queda de 76%; e grupo de investidores estuda medida para proteger acionistas minoritários;
  • 13 de janeiro: CVM abre processos para investigar inconsistências; auditoria da PwC é supostamente colocada sob dúvida; empresa reconhece dívida de R$ 40 bilhões e recuperação judicial começa a ser considerada; empresa entra com tutela de urgência para impedir vencimento antecipado de dívidas;
  • 16 de janeiro: BTG vai à justiça para bloquear R$ 1,2 bi da Americanas (AMER3); João Duarte Guerra é nomeado novo CEO;
  • 17 de janeiro: juros remuneratórios de debêntures não são pagos a investidores; empresa contrata CFO Camille Faria, especialista em atuar em recuperação judicial; empresa sofre rebaixamento de ratings;
  • 18 de janeiro: CVM estuda punição individual a envolvidos;
  • 19 de janeiro: Bradesco (BBDC4) e Itaú-Unibanco (ITUB4) pedem que companhia precise de autorização judicial para realizar saques; Americanas (AMER3) entra com pedido oficial de recuperação judicial reconhecendo dívidas de R$ 40 bilhões;
  • 20 de março: após dois meses e nove dias, a Americanas (AMER3) apresenta seu plano de recuperação para se reestruturar e manter suas operações.

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