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É hora de comprar ações de crescimento na “bacia das almas”? Veja o que diz o estrategista da EQI

É hora de comprar ações de crescimento na “bacia das almas”? Veja o que diz o estrategista da EQI

A prévia da inflação (IPCA-15) divulgada nesta manhã (26) veio abaixo do esperado e apontando para uma taxa anual (4,16%) que, se confirmada, se enquadraria na meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) – que é de 3,25% ao ano em 2023, podendo oscilar 1,5 ponto porcentual para cima ou para baixo; ou seja, de 1,75% a 4,75%.

O dado veio se juntar a outros dois argumentos usados pelo mercado (e pelo Governo) para defender a queda de juros: o IPCA de março também abaixo da estimativa e a existência do projeto do arcabouço fiscal – passível de críticas, mas que, ao menos, sinaliza a intenção de algum controle nos gastos públicos.

Com isso, parte do mercado se anima diante da possibilidade de que o próximo ciclo da taxa de juros, Selic, de queda, tenha, enfim, início em breve.

Confirmada a expectativa, a renda variável poderá voltar a ser impulsionada, especialmente as chamadas ações de crescimento.

Mas, então, já é hora de comprá-las? Segundo Denys Wiese, estrategista da EQI Investimentos, o mais seguro é aguardar o início da queda dos juros.

No entanto, se o seu perfil de investidor for mais arrojado, com boa predisposição para riscos, o timing pode ser agora mesmo! 

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“Seguro mesmo é sempre esperar o movimento da queda dos juros começar. Até mesmo por isso, não indicamos ainda para nossos clientes uma ampla exposição em ações, porque há inúmeros riscos envolvidos. Por mais que os juros possam sim cair, o mercado de crédito está estrangulado, o que nos impede de pisar mais fortemente nesse campo”, afirma.

“Mas, para aqueles investidores que querem pegar a ação ‘na bacia das almas’, pegar no fundo do poço mesmo, acredito que o momento seja interessante”, complementa.

“A impressão é que está bem madura uma queda de juros se não no próximo semestre, certamente no próximo ano. Então, os investidores com perfil mais arrojado podem antecipar esse movimento e se arriscar mais”, diz, salientando que é fundamental o investidor ter muito clara a noção de quanto risco e oscilação aceita encarar.

Mas, atenção: isso não configura uma recomendação para o investidor “sair comprando tudo”. “É preciso analisar com atenção setores e empresas para encontrar as boas oportunidades”, diz Wiese. Acompanhe!

Por que as ações de crescimento podem se beneficiar?

Ações de crescimento são papéis de empresas que se utilizam da alavancagem para crescer, ou seja, elas precisam de capital (empréstimos), buscados junto a terceiros.

“Elas tomam muito dinheiro emprestado, seja em bancos, seja no mercado de capitais. Elas tomam recursos e investem na empresa”, explica Wiese.

E quando o custo do crédito começa a cair, com a queda da Selic, elas podem pegar mais empréstimo e crescer mais rapidamente.

“Atualmente, as empresas de crescimento estão bem em baixa, com o preço muito descontado, e pode ser interessante olhar para elas com atenção”, diz.

Isso porque, com a queda dos juros, tais empresas podem se favorecer de três formas:

  • elas passam a ter acesso a empréstimos e financiamentos mais baratos, o que impacta positivamente em seus balanços;
  • a renda fixa perde atratividade e a renda variável passa a ter mais demanda, o que faz com que os preços dos papéis subam;
  • juros mais baixos estimulam o consumo e a atividade em geral, o que tem impacto direto ou indireto nos setores.

Para escolher em qual ação investir, ele explica, é preciso, primeiro, analisar os setores que mais serão favorecidos pela queda de juros – afinal, ação de crescimento pode estar em qualquer setor.

Alguns dos que responderiam rapidamente à queda dos juros seriam os ligados a varejo e construção. O setor elétrico, com contratos longos e dívidas geralmente atreladas à Selic, também deve se beneficiar.

Escolhidos os setores, o próximo passo, ele diz, é fazer a análise das empresas, para verificar quais estão com melhor saúde financeira.

“Tem que olhar se a empresa está dando lucro, se ela apresenta crescimento nos últimos anos, se ela não está muito endividada”, recomenda.

Mas, afinal, os juros vão cair?

Apesar de os últimos indicadores de inflação terem vindo abaixo do esperado, os núcleos da inflação ainda seguem elevados, oscilando entre 5% e 6%.

Com isso, analisa Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, não há brecha para que os cortes da Selic tenham início. Em sua visão, os juros devem permanecer parados em 13,75% até dezembro. Em 2024, projeta, a Selic deve alcançar 10,50%.  

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, foi claro em sua participação na audiência da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) no Senado a terça (25): ele não sabe quando os juros vão cair.

Já o Boletim Focus, levantamento semanal do Banco Central com instituições financeiras, espera Selic caindo de 13,75% para 12,50% até o final deste ano. Para 2024, a expectativa é de 10% e, em 2025, de 9%.  

Se isso de fato acontecer, é possível esperar uma melhora generalizada na bolsa, apesar de os juros ainda estarem elevados – não custa lembrar, durante a pandemia, o piso dos juros chegou a 2%, mas antes disso, os juros estavam na casa dos 5%-6%.

gráfico taxa selic março 2023