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Presidente do BC diz que não consegue antecipar queda dos juros na CAE, do Senado

Presidente do BC diz que não consegue antecipar queda dos juros na CAE, do Senado

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse na manhã desta terça-feira (25) que não consegue antecipar a queda dos juros.

Ele foi sabatinado na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE), do Senado Federal, em Brasília, e sua fala está ligada à Selic, que é a taxa básica de juros da economia brasileira.

Vale destacar que a Selic está, atualmente, em 13,75% ao ano, e o presidente do BC vem sofrendo pressão por parte do Congresso, bem como do Poder Executivo para que inicie a redução dos juros do país.

Ainda assim, ele tenta resistir e argumenta que os juros elevados funcionam como um remédio amargo para a economia, em especial para o combate à inflação.

O movimento está em linha com o posicionamento dos principais bancos centrais mundo afora, por conta da inflação nos EUA e Europa.

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Por isso, Campos Neto disse esta manhã que se não fosse isso, a inflação no Brasil estaria em 10%, e não em 5%, em média, como é o caso.

Ele também disse que representa apenas um voto no Comitê de Política Monetária (Copom), órgão ligado ao BC, que se reúne periodicamente para tratar dos juros. São dez votos, ao todo.

O executivo também frisou que a política de juros “está no caminho certo”, e a afirmação inflamou ainda mais os opositores do modelo de condução atual.

Imagem mostra o presidente do BC em audiência.

Presidente do BC versus Cid Gomes

O senador Cid Gomes (PDT-CE) falou por 19 minutos, entoando uma crítica ácida ao presidente do BC. “Pegue seu bonezinho e peça para sair”, disse o político.

Ele também se utilizou de um quadro para, por meio dele, “desenhar” a política econômica praticada pelo BC apontando, em sua fala, as disparidades com a economia dos EUA, dando exemplos de juros, desemprego, inflação, dentre outros temas relacionados.

Gomes disse, ainda, que economia é um assunto árduo, mas que há pessoas que se escondem na complexidade do assunto para se esquivar de “coisas simples e objetivas”.

Em resposta, Campos Neto destacou que não é possível, neste momento, ter menos inflação com menos juros. “Não podemos confundir a causa com o efeito. Não é o BC que faz a dívida [pública] ser alta. É a dívida alta que faz os juros serem altos”, frisou.

Também disse que o BC não consegue controlar a curva de juros. “O único país que teve sucesso [em controlar a curva de juros] foi o Japão porque tinha um problema de deflação grande”, disse.

Falas de RCN

  • Ele disse que há uma tendência de queda estrutural na taxa de juros do país, o que atribuiu às reformas econômicas implementadas nos últimos anos;
  • Também disse que isso é um processo “contínuo” e citou a reforma tributária e uma possível reforma administrativa. “Precisamos de juros baixos para o empresário tomar o risco, mas precisamos fazer de forma sustentável”;
  • O executivo afirmou, ainda, que houve recuperação econômica “na margem”, especialmente no mercado de trabalho, mas disse que “gostaria que fosse muito mais”;
  • Além disso, “não há sinais de recessão no país, mesmo com juros a 13,75% ao ano. A gente gostaria que fosse muito melhor, mas vemos uma recuperação na margem”;
  • E acrescentou: “sem credibilidade, o BC poderia cortar os juros no curto prazo, mas, ao mesmo tempo, a curva longa pode subir;
  • “Quando há muito crédito subsidiado, a taxa de juros neutra se mexe. Se eu tenho menos subsídio, a taxa [neutra] cai”;
  • “A apresentação do arcabouço fiscal gerou ganho na parte curta da curva de juros. Mas precisamos estabilizar a parte longa”;

A sabatina e o Ibovespa

A sabatina imposta ao presidente do BC teve efeitos imediatos no Ibovespa, que é o principal índice da bolsa de valores do Brasil.

Para se ter ideia, por volta das 15h20 o Ibovespa recuava 1,08%, aos 102.821,39 pontos.

O dólar, por sua vez, subia 0,79% no mesmo horário, cotado em R$ 5,0743.

Gráfico mostra o Ibovespa, hoje.