Os títulos do Tesouro prefixados com rendimento de 15% ao ano têm chamado a atenção dos investidores. A taxa, que não era vista desde 2016, levanta questionamentos sobre a atratividade e os riscos desses ativos. O analista da EQI Research, João Neves, avalia que essa pode ser uma grande oportunidade, mas alerta para os desafios do cenário econômico.
Neves explica que, em termos de risco de crédito, os títulos públicos emitidos pelo governo federal são considerados seguros, uma vez que o próprio governo tem a capacidade de emitir moeda para pagar seus compromissos. No entanto, o grande risco desses papéis é a inflação. Se a inflação superar a taxa prefixada de 15% ao ano, o ganho real do investidor pode ser reduzido ou até negativo. Além disso, o câmbio pode influenciar o cenário econômico e impactar o retorno dos títulos.
O contexto atual de incertezas fiscais também pesa na decisão. “O nível de endividamento do governo não é bom, os juros da dívida estão em crescimento, e o mercado tem desconfiança sobre a trajetória da dívida pública“, aponta Neves. Ele ressalta que o mercado já precificou boa parte desses riscos, o que pode representar uma oportunidade para quem acredita em uma possível melhora no cenário econômico.
Títulos do Tesouro prefixados: qual o melhor prazo para investir?
A escolha do prazo dos títulos prefixados é um ponto relevante na decisão de investimento. Neves destaca que os títulos com vencimentos intermediários, entre 2026 e 2028, podem ser mais interessantes no atual momento. “Esses papéis oferecem um bom equilíbrio entre risco e oportunidade de ganhos de capital”, explica. Por outro lado, títulos com vencimentos muito longos, como para 2035 ou 2040, trazem riscos adicionais, já que prever a economia brasileira para um horizonte tão distante é desafiador.
No curto prazo, há um risco relevante de que as taxas subam ainda mais, podendo chegar a 16% ou 17% ao ano. Nesse sentido, investidores mais conservadores podem preferir aguardar antes de comprometer capital nesses papéis.
Alocação recomendada por perfil de investidor
A carteira recomendada de renda fixa da EQI Research reflete essa visão estratégica. Para o perfil conservador, a alocação em títulos prefixados é de 12,5%, com preferência por vencimentos intermediários. No caso do perfil moderado, a participação desses papéis sobe para 22,5%, enquanto o perfil agressivo aloca 30% nesses ativos.
Além dos prefixados, a recomendação da EQI também inclui títulos atrelados à inflação e pós-fixados. Para investidores mais cautelosos, a maior parte da carteira está direcionada para pós-fixados, que representam 67,5% da alocação conservadora. Já no perfil agressivo, a parcela de pós-fixados cai para 40%, aumentando a exposição a prefixados e inflação.

Oportunidade ou risco?
Para Neves, o investimento em títulos prefixados a 15% ao ano pode ser uma excelente oportunidade para quem busca capturar ganhos de capital, caso o cenário econômico melhore. No entanto, ele reforça que há riscos consideráveis, especialmente relacionados à inflação e à trajetória da dívida pública.
Diante desse cenário, o investidor deve avaliar seu perfil de risco e horizonte de investimento antes de tomar uma decisão. Para quem acredita que os juros podem cair nos próximos anos, os títulos prefixados intermediários são uma aposta interessante. No entanto, quem busca mais segurança pode encontrar melhor proteção em títulos pós-fixados, que acompanham a taxa Selic.
A decisão final depende do apetite ao risco e da confiança na economia brasileira. Se o ambiente fiscal melhorar e a inflação for controlada, os títulos prefixados podem oferecer um retorno expressivo. Caso contrário, a alta taxa pode não ser suficiente para compensar a perda do poder de compra.
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