O mês de julho de 2025 tem sido marcado por uma inflexão relevante na trajetória da curva de juros futuros, que interrompeu a tendência de queda observada desde o início do ano. Esse movimento ganhou força após o anúncio, no início do mês, de novas tarifas de importação sobre produtos brasileiros, implementadas por Donald Trump. A notícia trouxe incerteza adicional ao cenário doméstico e impactou negativamente o desempenho de ativos de risco no Brasil, inclusive no mercado de renda fixa.
Mesmo na ausência de deteriorações relevantes nos indicadores econômicos divulgados ao longo do mês, houve uma elevação expressiva na percepção de risco para os ativos locais. Em resposta, os investidores passaram a exigir taxas de retorno mais elevadas para investir em ativos brasileiros, pressionando as taxas de juros e afetando a precificação dos títulos.
Renda fixa: carteiras abaixo do CDI
Nesse ambiente desafiador, todas carteiras recomendadas de renda fixa da EQI Research tiveram performance abaixo do CDI no acumulado do mês. Os perfis moderado e agressivo chegaram a registrar retornos negativos em julho, até o momento, mesmo com a decisão de redução de risco adotada no início do mês. A magnitude do ajuste, no entanto, não foi suficiente para blindar totalmente as carteiras diante da intensidade da reprecificação dos ativos.
Essa dinâmica negativa também foi observada nos principais índices de renda fixa. O IFR-M, que representa os títulos prefixados (LTNs), e o IMA-B, que reflete os papéis indexados à inflação (NTN-Bs), acumulam perdas no mês, reforçando o cenário de volatilidade enfrentado pelo mercado local.
Crédito privado segue resiliente
Por outro lado, o segmento de crédito privado se manteve resiliente, com desempenho positivo mesmo em meio ao ambiente adverso. Os spreads de crédito continuaram a se estreitar ao longo do mês, sustentados por um forte fluxo de captação nos fundos dedicados a essa classe e por uma demanda consistente por parte dos investidores. Ainda que os prêmios estejam em níveis historicamente baixos, a elevação das taxas de juros mantém os retornos nominais em patamares atrativos.