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FIDCs chegam ao investidor pessoa física: vale a pena investir? Entenda

FIDCs chegam ao investidor pessoa física: vale a pena investir? Entenda

O mês de outubro iniciou um movimento de virada para os Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Desde a primeira segunda-feira do mês (2), o produto passou a valer para todos os investidores do mercado financeiro, e deixou de ser restrito a qualificados, com mais de R$ 1 milhão investido. 

A Resolução 175 foi anunciada em dezembro de 2022 pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Com a expansão ao varejo, especialistas esperam que a classe cresça cerca de 20% ao ano daqui para frente e dobre de tamanho em cinco anos. 

Ainda que seja novidade no varejo, o produto foi criado no Brasil pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em novembro de 2001 – e há diversas opções para o investidor aplicar. 

Em junho de 2023, a indústria de FIDCs registrou um patrimônio líquido (PL) de R$ 340,8 bilhões, o que representa um crescimento de 33,9% em comparação com o mesmo mês do ano anterior. Entre dezembro de 2022 e junho de 2023, o PL total dos FIDCs teve um aumento de 10,18%. Comparando março de 2023 com junho de 2023, a elevação foi de 8,04%. Acompanhe.

O que é FIDC

Os FIDCs configuram uma modalidade de investimento que pertence à renda fixa. O produto consiste em fundos formados por títulos negociáveis com os valores que as empresas têm a receber, que podem ser cheques pré-datados, parcelas de cartões de crédito, aluguéis ou duplicatas.

O FIDC é uma alternativa ao crédito tradicional, comumente oferecido pelos grandes bancos, e proporciona capital de giro imediato para as empresas financiarem suas operações. 

Há uma diferença entre as cotas do fundo: a sênior tem um menor risco atrelado, com preferência de pagamentos e resgates; já a subordinada, seja mezanino ou júnior, absorve a inadimplência, portanto é a primeira afetada em casos de calote – mas também tem rendimentos maiores.

A cota subordinada tem risco maior, uma vez que funciona como uma espécie de garantia dada por quem está cedendo o crédito. Essa cota tende a ter um retorno mais vantajoso.

Quais os riscos de um FIDC

Atualmente, o mercado de crédito é amplo e já oferece produtos com estruturas de garantia mais robustas, que minimizam o risco atrelado. 

Um exemplo disso são os FIDCs que fazem aquisição de créditos do arranjo de pagamentos, de recebíveis de cartão de crédito. Em sua grande maioria, ficam nos bancos emissores dos cartões, que representa um risco de crédito mais leve. Já um fundo que compra créditos de pessoas físicas ou varejistas fica em outro extremo, possivelmente com taxas mais atrativas. 

Segundo Renato Collaço, sócio da Vectis Gestão, há diferenças significativas na remuneração de FIDCs, diferentemente de Fundos DI, por exemplo, que são mais nivelados. 

É um tipo de produto em que há uma gama enorme de taxas de rentabilidade, justamente porque o prêmio é vinculado ao risco, que consequentemente é vinculado ao crédito investido. Por isso, na hora de investir, é tão importante saber o tipo de crédito do FIDC”, diz.

É renda fixa, mas é preciso entender

Um FIDC não tem o mesmo tipo de risco de um título público, por exemplo, uma vez que, em sua grande maioria, investe em crédito privado. 

Além disso, Collaço reforça que renda fixa não é livre de risco, mas traz uma previsibilidade de recebimento maior do que a renda variável. Tudo vai depender do risco atrelado a ela.

O risco de crédito privado demanda que o investidor o conheça e esteja confortável, por isso esse tipo de investimento paga um prêmio maior. Vale lembrar que títulos públicos também sofrem marcação a mercado, que varia de acordo com as condições de mercado em tempo real, portanto a cota do fundo pode mudar”, diz.

Investimento por meio de FoFs como alternativa

Apesar da mudança na legislação, a oferta de FIDCs ao varejo, por ora, deve ser feita por meio de fundos de fundos (FoFs), que também terão maior liberdade para aplicar nesse tipo de investimento. 

O especialista da Vectis avalia que um FoF “sempre será uma boa alternativa para quem tem menos conhecimentos do mercado”. Isso porque esse fundo terceiriza a decisão para quem entende e fará a alocação equilibrada em uma carteira. “Uma dica para o investidor, mesmo por meio de FOFs, é saber quais fundos fazem parte da carteira.”

Para Collaço, é uma boa alternativa, pois o gestor pulveriza os riscos para o investidor. Dificilmente haverá vários FIDCs com problemas ao mesmo tempo. Além disso, a mudança na legislação trouxe uma responsabilidade maior aos gestores na escolha das carteiras que compõem os fundos. Por isso também é importante saber quem são os gestores e o tipo de diligência na estruturação das operações. 

Eduardo Siqueira, diretor de Relações com Investidores da SRM Asset, destaca alguns fatores devem ser levados em conta na hora de investir:

  • o tempo de atividade da gestora;
  • quem é o gestor e qual a sua estrutura;
  • capacidade de originar ativos;
  • carteira do fundo.

Além disso, Siqueira relembra que o investimento por meio de FoFs já foi um caminho para outros tipos de fundos, que também faziam sua estreia no mercado para pessoa física. 

Em um primeiro momento, é importante ter um gestor profissional fazendo essa seleção. Conforme o investidor passa a conhecer a dinâmica do mercado, o investimento fica mais seguro”, pontua.

Para Collaço, a principal característica que o investidor deve ter em mente na hora de investir é que o fundo compra direitos creditórios de um devedor – pode ser uma empresa, instituição financeira, entre outras. Por conta disso, é muito importante ter um nível de conhecimento do mercado de crédito. 

O investidor precisa olhar com bastante detalhe a estrutura do FIDC: quem está vendendo este crédito e quem são os devedores; que tipo de operação está por trás. Isso vai garantir a performance e a taxa remuneratória que o fundo vai ter.

Democratização do crédito

Os FIDCs também abrem caminho para preencher uma lacuna grande no mercado hoje: há uma movimentação expressiva para que o crédito seja levado ao mercado de capitais. 

A desbancarização dos investimentos também acontece no caso do crédito, aponta Ricardo Binelli, sócio e diretor responsável pela gestão de produtos de crédito estruturado na Solis Investimentos. “Atualmente, 75% do crédito está na mão de cinco grandes bancos no Brasil – e as empresas precisam disso para crescer. O BC já sabe que o crédito precisa ficar mais barato para isso, e os bancos não têm aumentado essa oferta. Quanto mais falarmos de FIDCs, mais esse produto vai evoluir e ser visto.”

Segundo Collaço, a modalidade cresce muito, uma vez que é um tipo de produto que, para o investidor, é uma alternativa a outras operações que envolvem crédito. “É possível buscar uma boa rentabilidade, conhecendo os riscos. Na ótica do tomador de crédito, o FIDC é uma grande alternativa ao mercado tradicional, dos bancos, para financiar operações”, reflete.