Em relatório divulgado nesta terça-feira (10), o analista Álvaro Frasson, do BTG Pactual, aponta que o momento é favorável à compra de NTN-Bs longas, ou seja, títulos do governo indexados à inflação, também conhecidos pelo nome de Tesouro IPCA+, com vencimentos mais distantes.
Segundo ele, a resiliência da economia americana tem elevado os prêmio de risco global. E surpresas altistas nos índices de atividade e de mercado de trabalho dos EUA têm ganhado tração nos últimos meses, refletindo em revisões altistas do mercado para suas projeções de núcleo de inflação em 2024. Desta forma, avalia, a elevação dos juros longos nos EUA transbordou para o mercado emergente de títulos do governo, chegando ao Tesouro Direto.
No cenário doméstico, ele aponta, o mercado de trabalho resiliente fortalece o consumo das famílias. Os setores de serviços e construção civil têm sentido menos os efeitos da política monetária contracionista e o emprego no país continua forte. Medidas do governo, como isenção para imposto de renda de pessoa física e Programa Desenrola, também aumentam a renda disponível das famílias e, por sua vez, podem contaminar as expectativas de inflação, aponta.
Assim, ele diz, o atual nível do juro real de longo prazo está em patamares de “estresse” do mercado doméstico, trazendo atratividade para o timing de entrada em títulos NTN-B.
“Vemos uma perda de correlação recente entre os juros longos, que mostraram forte abertura, e a expectativa de inflação (Boletim Focus) para os próximos 12 meses. O descolamento das implícitas de 2 anos reforça prêmio maior nos vértices mais longos em razão dos fatores externos”, pontua.
“Historicamente, índices de títulos de renda fixa atrelados à inflação (IMA-B) performam melhor do que o CDI e ativos prefixados durante o ciclo de corte de juros. Logo, acreditamos que o atual desempenho do IMA-B (categoria de índices que acompanham carteira de títulos atrelados ao IPCA) reflete uma oportunidade de compra, dado que seu atual comportamento, pois entendemos que haverá uma reversão ao longo do ciclo de corte de juros pelo Banco Central”.
Comprar NTN-B: qual o papel favorito?
O título NTN-B com vencimento em 2045 é o título preferido do analista, por ter a melhor relação risco-retorno. Mas ele também tem recomendação para carteira formada por NTN-B 2045 mais NTN-B 2025 e NTN-B 2060, na proporção de 34%, 33% e 33%, o que pode trazer bom retorno médio, com menor volatilidade.

O que é NTN-B?
O Tesouro NTN-B é uma sigla para designar um dos tipos de investimentos que podem ser feitos na plataforma do Tesouro Direto. Esse veículo foi inaugurado em 2002, permitindo a qualquer pessoa investir em títulos públicos.
A sigla quer dizer Nota do Tesouro Nacional — série B. Trata-se de uma modalidade de título atrelado à inflação. Isso quer dizer simplesmente que sua rentabilidade acompanha de alguma forma o índice de preços.
Na prática, uma aplicação no Tesouro NTN-B está protegida contra a perda do poder de compra da moeda. Isso ocorre porque parte do seu rendimento se dá acima da inflação, anulando seus efeitos negativos.
Por conta dessa característica peculiar, esse papel teve uma mudança em sua nomenclatura e passou a chamar-se Tesouro IPCA+. Foi uma forma de simplificar o entendimento sobre o propósito a que ele se propõe.
Sendo assim, esse é um título que proporciona ganho real direto ao investidor.
Além disso, é considerado um título muito seguro, já que é emitido pelo Governo Federal. Ainda que não seja coberta pelo FGC, o Fundo Garantidor de Crédito, ele conta com a segurança do emissor.
Em último caso, o governo pode imprimir dinheiro para pagar suas dívidas. Isso aumentaria a inflação mas afastaria o risco de calote.
Você leu sobre a recomendação de compra de NTN-B pelo BTG. Para mais notícias como esta, clique aqui.