25 Nov 2021 às 20:40 · Última atualização: 25 Nov 2021 · 8 min leitura
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Última atualização: 25 Nov 2021
O e-commerce de moda Privalia estrearia na Bolsa de Valores no 22 de julho deste ano, mas desistiu do IPO, à espera de um momento menos volátil do mercado. Mas agora engajou Itaú BBA para vender o negócio no Brasil e pede R$ 1 bilhão, segundo reportagem do Valor.
O Itaú BBA tem exclusividade na assessoria e vem detalhando condições atual do negócio a interessados, pelo menos, desde outubro. Magazine Luiza, Mercado Livre, Americanas, Renner e Dafiti foram sondados.
O e-commerce pede R$ 1 bilhão pelo negócio, quase 16 vezes o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês), para uma venda total da plataforma (GMV, da sigla em inglês) de R$ 1,3 bilhão em 2020.
A empresa afirma ser o maior outlet do Brasil. Plataforma de comércio eletrônico focada em flash sales, a Privalia tem um modelo baseado em um ecossistema que conecta marcas renomadas a consumidores engajados, através de descontos e que prioriza a experiência de compra.
“Acreditamos democratizar o acesso a grandes marcas e conseguimos oferecer oportunidades de compra exclusivas”, diz a empresa no seu prospecto preliminar.
Vamos conhecer melhor a empresa?
Fundada em Barcelona em 2006, a Privalia começou suas operações no Brasil em 2008, com ofertas no segmento fashion.
A partir de 2015, reforçou os investimentos em infraestrutura logística e equipe operacional, com foco em ganhos de eficiência e melhoria do nível de serviço – como resultado desses esforços, foi reduzido o Customer Lead Time de 37 dias em 2014 para 13 dias em 2020 e a empresa melhorou o NPS de 41 para 66.
Em 2016, a Privalia foi adquirida pela varejista francesa Ventee-Privee (atualmente denominada Veepee) e se tornou uma subsidiária integral, em um movimento que incluiu a operação brasileira.
Em 2018, a companhia inaugurou o centro de distribuição localizado em Extrema, Minas Gerais, que atualmente opera mais de 500 mil SKUs (Stock Keeping Units).
Além do segmento de moda que deu origem à empresa, atualmente a companhia atua em outros nove segmentos: Pets, Calçados, Home & Decor, Kids, Acessórios, Esportes, Vinho & Gastronomia, Beauty & Wellness, e Eletrônicos.
A Privalia acredita ser o maior protagonista do Brasil no modelo flash sale. Por meio de campanhas com duração de 7 a 10 dias, as mais de 1.500 marcas parceiras ganham uma solução de canal de vendas com alta liquidez para promoção de parte de seus estoques – ao mesmo tempo em que mantêm seu posicionamento de marca protegido – enquanto os usuários passam a ter acesso a produtos renomados por preços competitivos.
Diariamente, nos 13 estúdios que a empresa mantém em sua sede, são fotografadas 5 mil referências que serão ofertadas nas campanhas.
“Em suma, buscamos oferecer o que acreditamos ser as melhores marcas com os menores preços. Oportunidades que sejam imperdíveis”, explica a empresa.
A companhia ressalta que o histórico demonstra que este modelo gera resultados vencedores em termos de engajamento, frequência de compra e tráfego orgânico.
As marcas parceiras percebem o valor do modelo de negócios da Privalia: 95% das marcas relevantes permanecem no portfólio por 5 anos, desenvolvendo uma relação de longo prazo com a companhia. Isso possibilita o uso intensivo de big data para que tanto a Privalia quanto as marcas tenham informações detalhadas sobre o comportamento do consumidor.
A companhia conta com uma base de quase 15,2 milhões de membros cadastrados, dos quais 5 milhões foram captados em 2020.
Os clientes ativos realizam, em média, 3,46 milhões de visitas à plataforma por semana e navegam por quase 90 minutos por mês no aplicativo mobile e no site, sendo 88% feito via mobile. No total, são mais de 490 mil visitas diárias.
A Privalia acredita que há potencial de mercado para continuar crescendo de forma acelerada.
O segmento de varejo off-price, principalmente online, apresenta amplo espaço para expansão, sobretudo quando comparado a mercados mais maduros como os Estados Unidos, analisa a empresa.
Segundo dados da Euromonitor International, a penetração do e-commerce no Brasil ainda é inferior à verificada no mercado americano e, mesmo nos canais offline, em termos comparativos, há poucos players com lojas físicas focadas em modelos de outlet ou off-price.
“Adicionalmente, acreditamos que as plataformas e capacidades de e-commerce de marcas renomadas são, frequentemente, mais desenvolvidas nos Estados Unidos em relação ao Brasil, tornando mais atrativo estabelecer parcerias com plataformas terceiras para vendas outlet ou off-price”, diz a Privalia.
Na visão da companhia há duas grandes oportunidades para explorar: o crescimento do e-commerce (principalmente em canais mobile) e a sub-penetração do varejo off-price no Brasil.
De acordo com a Euromonitor International, o mercado brasileiro de e-commerce movimentou R$ 164 bilhões e cresceu 65,4% em 2020, chegando a 13,9% das vendas totais do varejo.
Em específico, a Privalia acredita que o mercado online de varejo off-price no Brasil representa uma oportunidade única, pois congrega os seguintes pilares: (i) alta demanda de consumidores por marcas renomadas; (ii) frequente excesso de produtos em estoque; (iii) baixa presença de grandes varejistas offline focadas no modelo off-price; (iv) adoção massiva e crescente de smartphones e canais digitais; e (v) limitações geográficas e demográficas para o desenvolvimento do varejo off-price no Brasil.
Para crescer, a estratégia da Privalia consiste em investir em:
A Privalia registrou lucro de R$ 51 milhões em 2018, lucro de R$ 12 milhões em 2019 e prejuízo de R$ 14 milhões no ano passado.
O Ebitda da empresa caiu de R$ 62 milhões (2018) para R$ 45 milhões e depois subiu para R$ 58 milhões. Já a margem oscilou entre 10,32% (2018), 6,13% (2019) e 6,31% (2020).
A receita líquida da Privalia cresceu de R$ 597 milhões em 2018 para R$ 741 milhões em 2019 e R$ 926 milhões no ano passado.
O pedido para IPO foi protocolado em fevereiro deste ano na CVM (Comissão de Valores Mobiliários). A companhia pretendia ser listada no Novo Mercado.
E realizar oferta primária (quando os recursos vão para o caixa da companhia) e secundária (quando os acionistas vendem parte de suas ações).
Os recursos da oferta primária seriam direcionados para a aquisição de ativos da Privalia VA, desenvolvimento da plataforma de e-commerce da empresa; investimento em marketing; reforço do capital de giro da companhia; e potenciais aquisições de negócios (M&A).
Já acionistas vendedores na oferta secundária seriam Privalia Venta Directa S.A. e Privalia Vendita Diretta S.R.
No último dia 12 de julho a empresa divulgou o prospecto com os valores da oferta. A faixa indicativa de preço dos papéis ficou definida entre R$ 16,30 e R$ 18,10.
Assim, levando em conta o ponto médio da faixa, de R$ 17,20, e o total de ações que podem ser emitidas nos lotes inicial, adicional e suplementar, a operação poderia movimentar cerca de R$ 1 bilhão.
Os coordenadores da oferta da Privalia eram BTG Pactual, o J.P. Morgan, o Itaú BBA e o Credit Suisse.
*Com Felipe Alves