Lois Boisson é, sem exagero, o nome mais surpreendente de Roland Garros 2025. A tenista francesa, até então desconhecida do grande público e ocupando a 361ª posição no ranking da WTA, tornou-se a grande revelação do torneio após avançar até a semifinal.
O nome da tenista ganhou destaque internacional não apenas por seus resultados em quadra, mas por toda a narrativa de superação, técnica e personalidade que ela encarna.
De Dijon ao mundo: quem é Lois Boisson?
Aos 22 anos, natural de Dijon, na região da Borgonha, na França, Boisson trilhou um caminho discreto no circuito ITF antes de fazer história no saibro parisiense. Ela iniciou 2024 com promissora ascensão, chegando à 152ª posição do ranking após vencer um torneio WTA 125. No entanto, uma grave lesão mudou os planos de Lois Boisson: ruptura de menisco e ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo, que a afastou por nove meses das quadras.
A lesão, ocorrida às vésperas do Roland Garros de 2024, quase a tirou do circuito. Mas foi aí que começou sua verdadeira virada.
A ciência como aliada: recuperação além do físico
Lois Boisson não se limitou aos protocolos tradicionais de fisioterapia. Sob orientação de seu preparador físico, Sebastien Durand, ela adotou um inusitado treinamento neurovisual — técnica que conecta cérebro e performance esportiva. O foco: acelerar reações, decisões e sincronização visual-motora em quadra.
“É difícil de explicar. Tentamos conectar o cérebro com o jogo. Isso faz o tênis acontecer mais rápido”, explicou a tenista, que atribui ao método parte fundamental da sua rápida recuperação.
Vitórias de peso e salto histórico no ranking
Convidada pela organização do torneio (wild card), Lois Boisson fez valer a aposta. Ela derrotou nomes consagrados como Jessica Pegula (número 3 do mundo) e Mirra Andreeva (número 6), garantindo presença inédita entre as quatro melhores do Grand Slam — feito inédito para uma estreante em chaves principais de Majors.
Apesar de cair na semifinal diante da americana Coco Gauff, número 2 do mundo, Boisson já garantiu um salto monumental no ranking: agora figura entre as 70 melhores do planeta, com projeção para a 65ª posição. A premiação também impressiona: cerca de US$ 788 mil, mais que o quádruplo de tudo que havia conquistado até então.
Polêmica fora das quadras: de crítica a marketing
Mas não foi só o tênis de Lois Boisson que ganhou manchetes. Em abril, durante o WTA de Rouen, foi alvo de comentários depreciativos de Harriet Dart, adversária britânica que a acusou de mau cheiro em quadra. A frase “ela fede” virou meme — e, surpreendentemente, trampolim publicitário.
Boisson respondeu com bom humor e ganhou repost da Dove com o slogan “Cheira à confiança”.
Boisson e o novo símbolo do tênis francês
Mais do que números ou polêmicas, Boisson se tornou um símbolo raro no tênis atual: o da atleta resiliente, que transforma adversidade em narrativa vitoriosa. Em um Roland Garros sem outros nomes franceses de destaque, ela encarnou o espírito do torneio. Não apenas avançou às semifinais — escreveu o primeiro capítulo de uma carreira que, agora, tem tudo para ser longa e relevante.
Lois Boisson é, oficialmente, a nova revelação do tênis. E o mundo está assistindo.
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