O grupo norte-americano UnitedHealth (UNH; UNHH34) retomou o processo de venda da rede de saúde privada Amil, segundo informações de veículos de imprensa como os jornais O Globo e Valor Econômico, por um valor projetado entre R$ 10 bilhões e R$ 15 bilhões.
Depois de tentar sem sucesso uma negociação fatiada em 2021, rejeitada pela ANMS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), o grupo americano pretende se desfazer de todos os seus ativos: a operadora de saúde, com cerca de 5,4 milhões de usuários entre planos de seguro médico e dental, e uma rede com 31 hospitais (4,1 mil leitos) e 28 centros médicos. Parte desses ativos está sob a bandeira Américas Serviços Médicos, que também seria incluída no negócio.
O valor citado não inclui a carteira de planos de saúde individual, que é considerada deficitária e foi o principal alvo de problemas na negociação de 2021, quando a UnitedHealth chegou a negociar com um grupo de investidores, por R$ 3 bilhões, um pacote que incluía 340 mil contratos de convênio individual e quatro hospitais.
A transação gerou uma série de reclamações e foi barrada pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). A legislação atual é considerada um empecilho para a negociação porque veta o cancelamento dos contratos de plano individual, ou seja, o comprador terá que levar o ativo no pacote para buscar uma reestruturação.
A notícia surge num momento ruim para a Amil, que registrou prejuízo líquido de R$ 866 milhões no primeiro semestre do ano, o pior resultado num setor que tem sofrido de forma geral com prejuízos e já bastante concentrado.
No ano passado, por exemplo, a Hapvida (HAPV3) se fundiu ao Grupo Notredame Intermédica e até agora a operação ainda não foi totalmente unificada, o que impactou os resultados operacionais da companhia – que reportou prejuízo líquido de R$ 161,1 milhões no segundo trimestre de 2023.Além disso, a forte concentração pode dificultar a aprovação pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) de negócios entre empresas já estabelecidas pelo risco de cartelização do setor.
Mesmo assim, os relatos são de que já há gestoras de private equity com experiência na área da saúde que demonstraram interesse numa possível aquisição da Amil, que está sob posse da UnitedHealth desde 2012. A empresa informou que não comenta “especulações de mercado”.