A Pfizer (PFE; $PFIZ34) precificou o remédio contra a covid-19, o Paxlovid, em US$ 1.390. Na cotação direta para o Real, o medicamento custa um pouco mais de R$ 7 mil. Durante a pandemia, o governo dos EUA pagou quase metade desse valor, cerca de US$ 529.
Em nota, a farmacêutica informou que o valor proposto para o medicamento é para um tratamento de cinco dias.
Apesar da precificação em quase US$ 1,4 mil, os planos de saúde devem pagar um valor bem inferior ao preço de tabela pelos comprimidos. A maioria dos pacientes terá um custo pequeno ou nenhum, pois a Pfizer planeja subsidiar pagamentos de pessoas com plano de saúde, pelo menos até 2028.
O aumento do preço do Paxlovid gerou críticas de médicos e especialistas em saúde, pois os valores podem limitar o acesso dos pacientes.
O preço de tabela é o ponto de partida para negociações entre a Pfizer e as gestoras de benefícios farmacêuticos, que determinam o quanto os planos de saúde pagarão pelo medicamento e quais serão os co-pagamentos dos pacientes.
Dessa forma, as farmacêuticas preferem estabelecer um preço de tabela mais elevado para um medicamento, o que lhes proporciona uma margem maior para oferecer descontos aos gestores de benefícios farmacêuticos, enquanto os planos de saúde buscam disponibilizar o medicamento em suas redes.
Pessoas sem planos de saúde geralmente precisam pagar o preço total de um medicamento. O Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA afirma que aqueles atendidos pelo Medicaid ou que não têm seguro poderão obter o Paxlovid gratuitamente até 2028, embora após 2024 possam enfrentar custos adicionais, dependendo do plano do Medicare.
As vendas de Paxlovid, juntamente com uma vacina contra a covid-19, impulsionaram a receita da Pfizer no ano passado para mais de US$ 100 bilhões. Entretanto, o uso do Paxlovid caiu à medida que a pandemia enfraqueceu.
Em maio, as prescrições do Paxlovid caíram mais de 40%, para 65 mil, em comparação com o final de março, conforme relatado por analistas do Barclays em uma nota de pesquisa recente.
Eles não preveem que a Pfizer registre novas vendas de Paxlovid até o final deste ano, pois o estoque restante do governo federal deverá atender os pacientes.
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Comportamento dos BDRs da Pfizer desde a pandemia
Durante a pandemia de covid-19, muitas empresas enfrentaram desafios devido às restrições sanitárias, mas a Pfizer foi uma exceção.
Em janeiro de 2020, quando os primeiros casos surgiram na Europa, os BDRs da Pfizer eram negociados a R$ 39,71. Com o aumento de casos e as medidas de distanciamento em todo o mundo, as ações da farmacêutica dispararam, atingindo R$ 54,67 no final de maio de 2020, uma valorização de 37,67% em pouco mais de cinco meses.
Em dezembro de 2020, a Pfizer anunciou o desenvolvimento de sua própria vacina e obteve autorização do governo dos EUA para comercializar o Paxlovid. No entanto, as ações perderam fôlego, caindo para R$ 51,85, uma redução de 5,16% em relação ao valor de maio. Ainda assim, mantiveram uma valorização de 30,61% em relação a janeiro de 2020.
O auge das ações da Pfizer ocorreu em dezembro de 2021, pouco antes da variante Ômicron, quando foram cotadas a R$ 85,50, representando um avanço de 115,16% em relação ao preço de janeiro de 2020.
Entretanto, atualmente, os BDRs da Pfizer estão em queda livre, sendo negociados a R$ 39,28, retornando ao mesmo patamar pré-pandemia e resultando em uma desvalorização de 54,05%.