A Shein, varejista chinesa de moda fast fashion, anunciou a adesão ao Remessa Conforme, iniciativa do governo que zera a alíquota de importação para compras de até US$ 50. O CEO Marcelo Claure afirmou por meio das redes sociais que a “empresa é tão brasileira quanto as outras do varejo” – o que aborreceu o CEO da Marisa (AMAR3), João Pinheiro Nogueira Batista.
Pinheiro fez um comentário nas redes sociais dizendo “cara de pau”, referindo-se a Claure. O comentário foi apagado em seguida.
Apesar da isenção, a Shein terá de se adequar às normas para o envio das encomendas ao Brasil, além de contar com tributos estaduais, do Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), de 17%.
O que não agrada o varejo brasileiro, e que motivou a criação do programa, é o que chamam de concorrência desleal, pelos preços baixos praticados pelas estrangeiras. O governo brasileiro também se preocupa com a evasão fiscal por parte das chinesas.
O CEO da Marisa, em entrevista ao portal InfoMoney, diz acreditar que o que chama de “distorção” vá ser corrigida ainda este ano, a partir da preocupação da Receita Federal com a renúncia fiscal que a isenção provoca. “Gosto de competir, mas em condições iguais. Não com alguém que vem de fora e paga somente 17,5% de ICMS”, criticou.
A Marisa enfrenta uma das maiores crises do varejo brasileiro. Entre março e abril deste ano, 25 unidades fecharam as suas portas. Logo em seguida, em maio, a rede anunciou o encerramento de mais 91 lojas ao custo de R$ 62 milhões. No final de março deste ano, a Marisa tinha uma dívida bruta de R$ 737,2 milhões.
Em entrevista ao site Faria Lima Journal em agosto do ano passado, o CEO da Shein recomendou que as varejistas brasileiras “trocassem” seu modelo de negócio, se referindo aos prejuízos das companhias.