O BTG Pactual (BPAC11) divulgou um relatório analisando o preço das passagens aéreas no Brasil e o impacto disso nas empresas do setor aéreo. Os analistas do banco de investimento destacam que a indústria da aviação continua em destaque no início de 2024, devido aos fortes aumentos de tarifas em rotas comerciais domésticas.
Diante deste cenário, o Governo Federal está planejando medidas para reduzir as tarifas aéreas, como a introdução do programa Voa Brasil. No entanto, as fabricantes de aeronaves ainda enfrentam restrições na cadeia de suprimentos, o que atrasa a normalização da produção de aeronaves.
“No geral, esse intenso fluxo de notícias reforça o cenário de capacidade restrita, apoiando assim tarifas robustas para as companhias aéreas. Acreditamos que os altos preços também decorrem da necessidade do setor de agir de forma mais racional no curto prazo, devido às significativas reestruturações de dívidas na indústria durante a Covid”, escrevem os analistas.
Segundo o BTG, a Latam e a Azul (AZUL4)se destacam como as melhores empresas para se beneficiar deste ambiente doméstico, principalmente após suas recentes reestruturações.
Aumento da demanda por viagens aéreas pós-pandemia enfrenta restrições de oferta
A indústria da aviação brasileira está vivenciando um rápido aumento na demanda por viagens aéreas após a pandemia. Segundo o BTG, os indicadores de tráfego se recuperaram fortemente desde a pandemia, com a temporada de férias do quarto trimestre impulsionando os volumes de passageiros em todo o país. Destinos turísticos populares, como os principais hubs do Nordeste, reportaram volumes fortes.
No mercado internacional, a remoção da maioria das restrições sanitárias relacionadas à covid-19 e a resolução de questões de visto, especialmente para brasileiros que desejam viajar para os EUA, também estão impulsionando o tráfego.
Além disso, a valorização do Real apoiou a recuperação do tráfego internacional saindo do Brasil.
Para reforçar este aumento na demanda, o BTG citou que de acordo com os dados da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), o Brasil reportou 205 milhões de RPKs em 2023, um aumento de 21% em relação a 2019.
No entanto, a capacidade das companhias aéreas no Brasil está bastante restrita, já que a indústria da aviação enfrenta problemas na normalização dos níveis de produção. Produtores globais de aeronaves estão tendo dificuldades para obter componentes-chave e um mercado de trabalho desequilibrado, levando a um atraso estrutural na fabricação de aeronaves.
O aumento gradual das entregas da Embraer (EMBR3) é uma prova disso, já que a empresa ainda não atingiu os volumes de produção pré-pandemia. Os últimos números operacionais relatados pela Gol (GOLL4) na semana passada mostraram uma redução de capacidade na comparação anual que atribuímos ao programa de ajuste de frota em andamento da empresa.
“Infelizmente, incidentes com aeronaves como o relatado pela Alaska Airlines neste fim de semana têm potencial para atrasar ainda mais essa normalização, levando a maior tempo de inspeção das aeronaves”, lamenta o relatório.
Iniciativas governamentais para aliviar as pressões das tarifas
Como observado nos últimos meses, a consequência inevitável desse cenário de demanda em recuperação e capacidade restrita é o aumento das tarifas. De fato, veículos de notícias reportaram recentemente sobre esse substancial aumento de preço.
A tendência de alta das tarifas motivou o governo a lançar várias iniciativas visando reduzir as tarifas aéreas. Entre essas, os analistas do BTG destacaram o Voa Brasil, um programa previsto para ser lançado no início deste ano que foca em melhorar o acesso às viagens aéreas e impulsionar o turismo, oferecendo aproximadamente 50 mil passagens aéreas com desconto por mês para um nicho de mercado específico.
Além disso, um novo plano de universalização das viagens aéreas oferece um número predeterminado de assentos com tarifas mais acessíveis. Especificamente, clientes que compram passagens com pelo menos 14 dias de antecedência terão acesso a tarifas aéreas com preços mais atrativos em rotas específicas determinadas pelas companhias aéreas.
Perspectiva do setor melhorou significativamente; Latam e Azul são as principais escolhas
No geral, o equilíbrio de oferta e demanda de curto prazo da indústria aérea brasileira permanece pressionado, com um aumento das tarifas, pelo menos durante os feriados sazonais. Olhando para o futuro, esperamos que a correlação histórica entre precificação de longo prazo e os preços do petróleo e a volatilidade do câmbio retorne.
“Olhando para o futuro, esperamos que a correlação histórica entre precificação de longo prazo e os preços do petróleo e a volatilidade do câmbio retorne. Dentro da nossa cobertura de companhias aéreas, esse ambiente tarifário está ajudando as empresas a restaurar os níveis de rentabilidade pós-pandemia”, diz o relatório.
A necessidade de aumentar a rentabilidade também é corroborada pela melhor racionalidade, com os credores e acionistas realizando reestruturações de dívidas no setor nos últimos anos.
“Vemos a Azul e a Latam como as melhores empresas para capturar esse ambiente atual no mercado aéreo brasileiro”, concluiu o relatório.
