Como viver de renda?
Compartilhar no LinkedinCompartilhar no FacebookCompartilhar no TelegramCompartilhar no TwitterCompartilhar no WhatsApp
Compartilhar
Home
Negócios
Notícias
BTG desiste de adquirir Banco Master após detectar riscos bilionários com pré-precatórios

BTG desiste de adquirir Banco Master após detectar riscos bilionários com pré-precatórios

O BTG Pactual ($BPAC11) recuou de uma possível aquisição do Banco Master após identificar que mais de 80% da carteira de precatórios da instituição mineira era composta, na verdade, por títulos de alto risco ainda sem decisão judicial definitiva. 

A descoberta foi feita durante uma due diligence e levou o presidente do conselho do BTG, André Esteves, a encerrar as negociações, conforme apurou o UOL.

A operação chegou a ser cogitada pelo BTG após o Banco Central (BC) iniciar conversas com o mercado em busca de soluções para a fragilidade do Master, controlado pelo empresário Daniel Vorcaro. 

Segundo a reportagem do UOL, o banco de investimentos assinou um contrato de confidencialidade, mas se deparou com ativos considerados “pré-precatórios” — dívidas públicas ainda não reconhecidas de forma definitiva pela Justiça —, classificadas por fontes do UOL como “podres” devido ao elevado grau de incerteza quanto ao pagamento.

Precatórios são reconhecimentos formais de dívidas do Estado após decisão judicial contra a qual não cabe mais recurso. Até que sejam pagos, entram numa longa fila de espera, com liquidez incerta. No caso do Master, a maior parte dos papéis listados no balanço sequer chegou a esse estágio legal, o que acendeu um alerta entre agentes financeiros e reguladores.

Ainda de acordo com o UOL, o presidente do BC, Gabriel Galípolo, convocou Esteves na última segunda-feira (1º) para discutir alternativas para o Master, incluindo o apoio do Fundo Garantidor de Créditos (FGC), uma possível compra pelo BRB (Banco de Brasília) ou até mesmo uma intervenção.

Carteira do Master preocupa o mercado

A situação da carteira do Master preocupa o sistema financeiro. O banco passou a crescer de forma acelerada nos últimos anos, oferecendo CDBs com rentabilidades muito acima do mercado — entre 120% e 140% do CDI, enquanto o padrão do setor gira em torno de 100%. Isso atraiu milhares de investidores, cujos aportes hoje somam R$ 30,8 bilhões, conforme balanço divulgado em março. Desse montante, cerca de R$ 4 bilhões têm vencimento ainda em 2025.

Caso o banco enfrente dificuldades para honrar os compromissos, o FGC terá de arcar com a cobertura de até R$ 250 mil por conta, como previsto na legislação. 

O temor é de que o rombo atinja proporções superiores ao caso PanAmericano — que teve um déficit de quase R$ 4 bilhões e demandou ação direta do fundo garantidor. “Não me lembro de um escândalo como esse. O Pan é fichinha”, disse uma fonte ouvida pelo UOL.

Na tentativa de encontrar uma saída, o BRB ($BSLI4) se ofereceu para adquirir 58% do Banco Master por R$ 2 bilhões, condicionando o negócio a um aumento de capital e à exclusão de R$ 23 bilhões em ativos considerados problemáticos. A proposta também deixaria de fora um volume equivalente de passivos, mantendo sob controle do BRB apenas os ativos tidos como saudáveis, estimados em R$ 40 bilhões. 

A operação, no entanto, é vista com desconfiança por especialistas, que questionam a capacidade financeira do banco brasiliense para absorver o risco e cumprir exigências regulatórias.

O caso também levanta dúvidas sobre a atuação do BC, que, segundo apurou o UOL, foi alertado já em 2020 sobre a inclusão de pré-precatórios nos balanços do Master, ainda sob a gestão de Roberto Campos Neto. O tema passou a ser regulado apenas em 2023, quando a autarquia ajustou normas sobre o reconhecimento desse tipo de ativo.

Além dos riscos financeiros, o episódio expõe a rede de conexões políticas do controlador do Master, conforme cita o UOL. Desde que comprou o antigo Banco Máxima em 2019, Vorcaro estreitou relações em Brasília e passou a contar com apoio de nomes influentes, como o senador Ciro Nogueira (PP-PI) e o ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega. 

Um projeto de Ciro no Senado chegou a propor o aumento do limite de cobertura do FGC de R$ 250 mil para R$ 1 milhão, medida que beneficiaria diretamente a estratégia do banco. A proposta, no entanto, não avançou.

Leia também:

Você leu sobre Banco Master. Para investir melhor, consulte os e-books, ferramentas e simuladores gratuitos do EuQueroInvestir! Aproveite e siga nosso canal no Whatsapp!