A Americanas ($AMER3) reportou um prejuízo líquido de R$ 4,611 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, uma redução de 23,5% em relação ao mesmo período de 2022. O resultado foi afetado pela forte queda nas vendas, principalmente na plataforma digital, e pelas altas despesas financeiras, que devem diminuir após a homologação do plano de recuperação judicial da companhia.
A receita líquida da Americanas totalizou R$ 10,293 bilhões nos primeiros três trimestres de 2023, uma queda de 45,1% em um ano. Por outro lado, a margem bruta da companhia avançou 11,1 pontos percentuais, para 27,7% da receita líquida, refletindo a migração de categorias de baixa rentabilidade do 1P para o 3P, e a maior racionalidade de precificação e investimento em marketing na plataforma digital.
O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ficou negativo em R$ 1,558 bilhões nos nove primeiros meses de 2023, uma perda de 21,3% em um ano. A margem Ebitda foi de -15,1%, uma melhora de 3,6 pontos percentuais. A empresa destacou que a transformação já iniciada permitiu identificar alguns primeiros resultados significativos, como a evolução de R$ 791 milhões no Ebitda ajustado ex-IFRS na comparação anual.
Apenas no terceiro trimestre de 2023, o prejuízo líquido da Americanas foi de R$ 1,621 bilhão, 17,8% menor do que o ano anterior. A receita líquida no trimestre foi de R$ 3,261 bilhões, uma queda de 39,2% em 12 meses. O Ebitda ficou negativo em R$ 489 milhões, uma redução de 14,9% em um ano. A margem Ebitda foi de -15%, uma melhora de 4,1 pontos percentuais.
Leia também: Ações Americanas (AMER3): entenda o rombo!
Americanas diz que supera fase crítica e aprova plano de recuperação judicial em 2023
A Americanas destaca que o ano de 2023 foi marcado pela revelação de uma fraude de resultados e pela necessidade de reconstrução da companhia.
Em nota, a empresa diz superou a fase mais crítica e aprovou o seu plano de recuperação judicial em assembleia geral de credores, com mais de 97% dos créditos em valores e mais de 91% em quantidade de credores. A varejista espera que a homologação do plano seja realizada nos próximos dias, o que deve resultar em uma estrutura de capital saudável para que a empresa possa voltar a gerar resultados.
A nota da Americanas também detalha as três frentes de trabalho fundamentais que a empresa se dividiu ao longo de 2023: investigação da fraude, transformação da companhia e recuperação judicial. A empresa afirma que trabalhou no diagnóstico do que não estava funcionando bem e buscou as alavancas necessárias para voltar à essência da Americanas, uma empresa de varejo que atende às necessidades básicas e diárias de seus clientes de uma maneira descomplicada, fazendo parte das memórias afetivas dos brasileiros.
A empresa também relata os dois grandes desafios que enfrentou: o primeiro deles, e que ainda está em processo, é estabelecer uma unidade na cultura da Americanas, eliminando as barreiras que existiam entre os negócios da empresa (físico, digital, advertising e fintech) e firmando um objetivo comum para todos. O segundo desafio foi garantir tomadas de decisões mais estratégicas, tanto para ações de investimento, como de desinvestimento.
A Americanas ainda destaca a força da marca da empresa, que se provou fundamental para seguir operando e com as lojas funcionando. A empresa agradece aos seus fornecedores, que não a abandonaram e garantiram o seu abastecimento, aos seus acionistas de referência, que disponibilizaram uma linha de crédito (DIP financing) que permitiu manter as lojas abastecidas e com bom sortimento, e aos seus clientes, que seguiram com a empresa e garantiram o fluxo recorrente, especialmente nas lojas físicas.
No canal digital, a empresa reconhece que sofreu um choque de confiança em um primeiro momento, mas que trabalhou fortemente na comunicação com os seus parceiros e clientes e aumentou a periodicidade dos repasses aos seus sellers. Com isso, o impacto inicial foi se dissipando ao longo dos trimestres. A empresa também adotou a estratégia de desidratar o seu 1P, migrando categorias relevantes para o 3P, com o objetivo de aumentar a rentabilidade.
A nota da Americanas também informa que, com o recebimento do DIP e o pagamento imediato de parte dos credores classe IV, conseguiu minimizar o impacto nos fornecedores menores e regularizar o fornecimento também em outros ativos da companhia, como é o caso do Hortifruti Natural da Terra (HNT).
Por fim, a nota da Americanas afirma que segue dedicada na execução do seu plano estratégico para as diferentes áreas, que foi apresentado em detalhes na última divulgação de resultados, em novembro de 2023. A empresa diz que tomou importantes decisões, como a criação de uma área de controladoria de operações, onde tudo passa a ser medido e todas as decisões são tomadas com base na busca de rentabilidade da operação da Americanas.