Esta é a era de ouro do setor elétrico. Quem afirma é Ricardo Prego Costa, Head da Matrix Services, um dos convidados da 9ª edição da Money Week, um dos principias eventos sobre investimentos da América Latina.
Ele participou do painel “Transição energética e as oportunidades do mercado livre de energia para todos”, com mediação de Alexandre Viotto, Head de Banking da EQI Investimentos, e discutiu as oportunidades de investimento do mercado livre de energia.
Além da participação de Ricardo Costa, o debate contou ainda com a presença de Zebedeu Fernandes de Souza, Diretor Executivo da Matrix Energia, e Ricardo Lavoratto Tili, Diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
O que é o mercado livre de energia?

Zebedeu de Souza deu início ao debate lembrando de 30 anos atrás, durante o primeiro processo de privatização do setor elétrico, quando este era inteiramente estatal.
Conforme destacou o diretor, nesse período, surgiu a “figura do consumidor livre de energia”, representando aquele indivíduo capaz de adquirir energia diretamente de geradores ou comercializadoras, em contraste com os consumidores residenciais que dependem das distribuidoras.
Apesar disso, essa abertura inicial restringiu-se apenas ao grupo de consumidores com maior intensidade no uso de energia, ou seja, aqueles com um perfil de consumo elevado. Assim, essa oportunidade limitou-se a esse público mais restrito.
Souza também mencionou um cronograma gradual para reduzir os limites de consumo, a fim de incluir gradualmente os consumidores menores, um processo que vem ocorrendo ao longo dos anos. Através desse cronograma, até mesmo empresas de médio porte puderam ingressar no mercado livre de energia, embora ainda de forma restrita.
O diretor da Matrix enfatiza que o setor está vivendo um momento histórico com a abertura total do mercado de energia, pelo menos para os consumidores de alta tensão.
“O que significa isso? Qualquer consumidor conectado em alta tensão pode sair da sua distribuidora e escolher o fornecedor de energia elétrica dele. Ele pode negociar preços mais atrativos e condições melhores de fornecimento, atendendo necessidades específicas em relação à forma como ele utiliza a energia elétrica”, destaca o diretor da Matrix.
Dessa forma, Souza percebe a abertura gradual do mercado livre de energia como “uma oportunidade incrível” para os investidores.
Para sustentar esse argumento, ele aponta alguns pontos-chave:
“Estamos vivendo uma coincidência altamente benéfica, uma vez que os preços de energia elétrica no mercado estão atualmente em níveis muito baixos. Isso se deve ao funcionamento do mercado, que segue uma curva de preço spot relacionada às condições de armazenamento das usinas. Assim, com um maior volume de chuvas, os preços tendem a cair, enquanto menos chuvas e oferta reduzida levam a um aumento nos preços“, declarou Souza.
Além disso, o diretor realça a confluência de dois fatores que reforçam o cenário favorável atual no setor energético:
- uma significativa expansão na geração de energia renovável, incluindo o uso de usinas eólicas e solares na matriz energética;
- e a ocorrência regular de chuvas nos últimos anos, que permitiu que os níveis de reservatórios atingissem marcas históricas.
Essa combinação resultou em uma acentuada redução nos preços da energia.
Quais são as oportunidades de investimento no setor elétrico

Ricardo Tili apresentou a seguinte provocação ao iniciar seu discurso: alguém é obrigado a contratar o provedor de internet que está com a estrutura na frente de sua casa? Não, visto que hoje o consumidor pode escolher qualquer empresa que preste esse serviço.
Apesar de ele ter delineado esse cenário, o diretor da Aneel explicou que os dois mercados são distintos, uma vez que existe um monopólio natural para a geração e distribuição de energia elétrica.
“Não é possível construir uma rede extensa para a escolha, como ocorre com a fibra óptica“, afirmou.
Diante disso, a abertura do mercado livre de energia segue um curso diferente. Inicialmente, manterá uma assinatura com a distribuidora local mediante uma taxa, através da qual será disponibilizado um “ponto” ao consumidor, algo semelhante ao que acontece com a internet. Consequentemente, o consumidor terá a possibilidade de adquirir energia de quem desejar, do modo que preferir e nas condições que achar adequadas.
“Surge um vasto leque de oportunidades para quem deseja negociar. Por exemplo, é possível adquirir energia distinta para sua residência fixa e para sua casa na praia. Em uma instituição de ensino, é viável deixar de adquirir energia durante dezembro e janeiro. Em suma, inúmeras oportunidades de negócios estão à disposição“, afirmou Tili.
O diretor relatou que, atualmente, apenas um segmento de consumidores tem permissão para adentrar esse mercado. Contudo, o Governo Federal, por meio do Ministério de Energia, está a favor da abertura gradual do mercado livre de energia.
Para ilustrar o impacto disso no setor elétrico, Tili deu a seguinte explicação: “A partir de janeiro de 2024, todos os consumidores atendidos pelo grupo de alta tensão terão permissão para adquirir energia no mercado livre. Ao todo, são 202 mil consumidores do grupo A, nos quais 37 mil já estão no mercado livre. Portanto, 165 mil poderão efetuar essa transição”
Ele ainda ressaltou que o setor de energia elétrica requer um substancial investimento de capital, caracterizado por contratos de longo prazo que geralmente se estendem por mais de três décadas, e oferece uma taxa de retorno elevada.
O diretor também compartilhou que a grande mídia reportou um substancial investimento no setor de energia elétrica, especialmente em energia eólica, estimado em mais de R$ 600 bilhões entre 2023 e 2026. Todo esse investimento será exclusivo de capital privado.
“Quem busca um investimento seguro, regulação estável, prazo estendido e taxa de remuneração atrativa deve manter-se atento ao setor elétrico“, recomendou Tili.
Para complementar essa recomendação, Viotto destacou que o setor elétrico é essencial para a economia, já que todos necessitam de energia para a produção.
Ricardo Costa reforçou o atual momento do setor elétrico: “Estamos vivendo a era de ouro do setor elétrico. Digo isso porque estamos passando por uma modernização do setor”, avaliou.
Em relação a essa modernização, Costa percebe que as empresas estão cada vez mais buscando fontes alternativas e renováveis, beneficiadas também pelas boas condições climáticas, que permitem preços mais baixos para a produção de energia.
Além disso, o head da Matrix Services exaltou o tamanho e o potencial de investimento do setor elétrico.
“O mercado de energia representa um total de R$ 1 trilhão, sendo que R$ 880 bilhões ainda estão em processo de abertura. Até o momento, pouco mais de R$ 200 bilhões foram abertos. Portanto, temos uma vasta amplitude de abertura e investimento“, explicou.
- Você leu sobre oportunidades no mercado livre de energia. Mas ainda tem muito mais na Money Week! Não fique de fora!