A Money Week reuniu Luís Moran, head da EQI Research, Paolo Di Sora, CIO da RPS Capital, e Alexandre Cancherini, co-fundador da Frontier Capital, para debater as Expectativas para a Renda Variável. Confira abaixo os principais insights do painel.
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Expectativas para a Renda Variável: Brasil aluno nota 6
Moran afirma que o Ibovespa, principal índice da bolsa de valores brasileira, caiu bastante e vem oscilando próximo aos 100 mil pontos atualmente, incorporando em seu preço muitos eventos de origem política.
Para os convidados, o novo Governo vem impactando fortemente o mercado e de maneira negativa.
“Os primeiros 100 dias do Governo surpreenderam negativamente. Ainda existe uma incerteza muito grande do que será o Governo Lula na parte econômica. O mercado esperava um Lula do primeiro mandato ou do segundo mandato. Mas ele veio bem mais populista”, avalia Sora.
“Eu brinco que o Brasil é aquele aluno nota 6. Mas a bolsa o está precificando como um aluno repetente. A gente deve rodar como aluno nota 6 pelos próximos dois anos, até pela ajuda que o Governo vem recebendo do Judiciário, dentro das quatro linhas, é verdade, mas existe uma ajuda. Parece que todos os professores estão tentando ver se aprovam esse aluno”, compara.
Ele cita como exemplo de tal ajuda a atual revisão do ajuste do FGTS, cuja remuneração deve acompanhar no mínimo a poupança, segundo entendimento do Supremo Tribunal Federal (STF), mas com decisão passando a valer a partir do julgamento, sem efeito retroativo, o que alivia o impacto nas contas do Governo.
Alexandre Cancherini concorda: “O terceiro mandato do Lula não tem decepcionado em decepcionar”, resume.
“Não se espera grandes coisas desse Governo. E o começo foi bastante frustrante por escolhas simples para problemas bastante complexos. Mas, felizmente, a realidade tem forçado o Governo a voltar atrás na maioria dos casos”, diz.
Boas relações internacionais favorecem Brasil
Apesar da análise pessimista para o cenário interno, os convidados da Money Week avaliam que o Brasil pode se favorecer das boas relações internacionais que mantém.
Sora cita como exemplo a Gol (GOLL4), que vem sendo favorecida por contratos de leasing de aeronaves negociados muito abaixo das taxas praticadas no exterior, já que algumas empresas estrangeiras alegam ser mais seguro negociar praticamente sem lucro com uma empresa brasileira do que arriscar contratos com a China, um país com regime autoritário.
Se nos próximos 12 meses o Governo caminhar mais para o “meio do caminho”, mais ao Centro, ele acredita, o Brasil deve se favorecer bastante do “vento favorável aos emergentes minimamente organizados”, que é como ele se refere aos investimentos estrangeiros que devem migrar dos Estados Unidos para mercados mais arriscados, como o Brasil, devido ao fim do ciclo de alta de juros nos EUA.
Definição de nomes no BC pode favorecer a bolsa
Já Cancherini vê como possíveis momentos positivos para a bolsa as notícias que estão por vir do Banco Central.
Ele acredita que a escolha do nome do novo diretor de política monetária do BC pode ser um evento favorável. “A escolha do novo diretor pode ser um evento relevante, que melhore as expectativas”, ele diz, salientando a necessidade de que a queda de juros se dê de maneira sustentável.
Melhoramentos na meta da inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) também podem pesar positivamente, assim como a própria queda da inflação.
“A queda da inflação impacta na dinâmica do mercado como um todo e na popularidade do presidente”, avalia.
Valuation barato e as melhores empresas
Sora chama a atenção para a oportunidade que se apresenta no atual valuation das empresas, que nunca esteve tão barato, em suas palavras.
“Eu sou antigo e faço conta há muito tempo. Nunca vi valuation tão barato no Brasil. De 2013 para cá, nunca encontrei valuations tão bons. O fator valuation, definitivamente, está na mesa”, aponta.
Ele também revela que acredita na tese das construtoras de casas populares, devido ao avanço do programa Minha Casa, Minha Vida. O setor, diz, ainda deve ser favorecido por iniciativas similares dos estados, caso de Minas Gerais e de São Paulo.
Não é hora para empresas alavancadas
Os convidados também revelaram suas preferências de papéis na bolsa para o momento atual.
“Não achamos que seja hora de comprar empresas alavancadas, como a Via (VIIA3). Prefiro empresas com margem alta e alavancagem baixa. Prefira o primeiro colocado que ainda está bem”, recomenda Sora, citando Localiza (RENT3), BTG (BPAC11), Itaú (ITUB4), e as líderes de cada setor.
Ele chama atenção ainda para a possível privatização da Sabesp (SBSP3), que deve valorizar o papel.
Cancherini cita Sanepar (SAPR4), Vivara (VIVA3), Lojas Renner (LREN3), Bradesco (BBDC4), esta última pensando no longo prazo.
“Empresas líderes estão baratas e vale a pena ter na carteira”, diz. As estatais, ele alerta, a depender da função social que forem exercer neste Governo, podem virar “value trap” (armadilha de valor), apesar de estarem sendo negociadas com desconto.
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