A libra esterlina registrou em setembro seu pior mês ante o dólar. E o cenário não é de melhora: os estrategistas têm pouco otimismo para o restante do ano, à medida que as expectativas de crescimento enfraquecem novamente.
No mês, a moeda do Reino Unido registrou uma desvalorização de 3,75% frente a moeda norte-americana, registrando um declínio não visto desde o final do verão do ano passado. Naquela ocasião, a moeda havia sido abalada por incertezas econômicas e depois pelo projeto do “mini-orçamento” de curta duração criado pela então primeira-ministra Liz Truss, que empurrou a libra esterlina para um mínimo histórico.
Além disso tudo, a libra também caiu 1,26% em relação ao euro no mês passado, registrando seu desempenho mais fraco desde dezembro de 2022.
Libra: moeda é afetada por juros mais elevados
Um dos fatores que impactaram a libra foram as taxas de juros mais elevadas tornando geralmente uma moeda mais atrativa para o investimento estrangeiro.
As expectativas do mercado relativamente às taxas de juro máximas no Reino Unido subiram até 6,5% durante o verão na Europa, enquanto o país lutava contra uma inflação persistente que se mantinha em níveis elevados, enquanto os preços no consumidor começavam a arrefecer em outras economias desenvolvidas.
Prova disso, é que o Banco de Inglaterra (BoE) interrompeu a sua série de 14 elevações consecutivas dos juros em setembro, mantendo a sua taxa diretora em 5,25% – um nível que economistas e observadores do mercado sugeriram que provavelmente representava o seu pico.
A autoridade monetária do país vinha aumentando os juros de forma consistente desde dezembro de 2021, em uma tentativa de conter a inflação. Com isso, a taxa saiu de 0,1% para 5,25% em agosto deste ano, o maior patamar em 15 anos.
Ao lado do Reino Unido, quem também sofre com dificuldades e acaba por contaminar o restante do continente europeu é a Alemanha, a maior economia da região. O país está perto de entrar em ma recessão e o Banco Central Europeu (BCE) calcula que a zona do euro cresça 0,7% neste ano.
A isto, soma-se à estimativa de crescimento de 0,5% previsto pelo Banco de Inglaterra para o Reino Unido, ao passo que a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) a prevê uma expansão ainda menor, perto de 0,3%. O quadro é mais positivo do que há um ano, mas a perspectiva de uma recessão moderada continua presente.
Libra deve chegar a menos de US$ 1,20, estimam economistas
Pesquisas da Capital Economics prevê uma queda para menos que US$ 1,20 até o final do ano, segundo o site CNBC. Em nota, os economistas, Ashley Webb e Joe Maher, acentuaram que os juros no país deve começar a ser reduzido no fim do ano que vem, prevendo um patamar de 3% para 2025.
Outras instituições, como o banco Goldman Sachs, estão mais pessimistas e preveem que a libra possa terminar este ano em um patamar abaixo de US$ 1,20.
