Para tentar driblar a crise cambial, a Argentina anunciou a criação de duas novas versões do dólar: o “dólar Coldplay” e o “dólar Catar“.
A razão para criar essas categorias da moeda norte-americana é estimular o consumo no setor cultural com o show do Coldplay e os gastos no exterior com a Copa do Mundo de 2022 no Catar.
Apesar da banda inglesa ter adiado os shows do Brasil para o mês de março de 2023 devido a problemas de saúde do vocalista Chris Martin, os shows em solo argentino estão confirmados para serem realizados entre os dias 25 de outubro a 08 de novembro.
Segundo a CNN, a ação do governo da Argentina é um acordo com o setor cultural em que eles poderão ter acesso à moeda estrangeira a um preço menor.
O incentivo não será aplicado apenas para os shows do Coldplay, mas a intenção é aumentar o volume de eventos internacionais na Argentina com o dólar mais “barato” para a cultura. O agravamento da crise econômica no país provocou uma redução de investimentos no setor cultural.
A 204 pesos, o “dólar Coldplay” tem um valor mais acessível que os quase 300 pesos do chamado dólar “blue”, a “versão clandestina” do dólar oficial.
Embora seja considerado ilegal, o dólar “blue” circula com facilidade na Argentina. A moeda clandestina regula o mercado de preços e é vendida nas casas de câmbio especializadas.
De acordo com a imprensa argentina, o governo de Alberto Fernández entende que a nova variação irá permitir que os empresários do setor consigam manter as suas atividades e garantir postos de trabalho ligados à produção de eventos.
O “dólar Catar” é um mecanismo criado para facilitar os gastos decorrentes da Copa do Mundo no exterior. Ele será aplicado ao consumo acima de US$ 300 em cartões de crédito e débito, a uma taxa de câmbio de 300 pesos por dólar.
Entenda crise cambial Argentina
A Argentina enfrenta uma grave crise de escassez de divisas, com um desequilíbrio fiscal somado aos compromissos do país como Fundo Monetário Internacional (FMI).
Para tentar sanar este problema, os argentinos estão adotando novas medidas para o câmbio. Haja vista que os “hermanos” contam com 14 variações da moeda estrangeira em vigor —algumas também com nomes incomuns, como “dólar Netflix”, “dólar soja” e até mesmo um “dólar figurinhas da Copa”.
“Tomamos essa medida porque recebemos reclamações de setores da economia e porque queremos cuidar das reservas para produção e geração de empregos. Para isso, é preciso evitar a fuga de divisas”, afirma Carlos Castagneto, chefe da AFIP (Receita Federal Argentina) em entrevista a jornalistas na terça.
“Não estamos proibindo a compra de mercadorias ou pacotes turísticos, apenas encarecendo o dólar para proteger nossas reservas.”
Ainda que o Brasil e a Argentina tenham uma dívida bruta do PIB (Produto Interno Bruto) semelhante, com 78,5% e 80,1%, respectivamente, 55,5% das dívidas dos argentinos estão em moedas estrangeiras.
Entretanto, os vizinhos têm uma reserva internacional muito baixa, na casa dos US$ 39,5 bilhões, enquanto que o brasileiro é de US$ 378,4 bilhões.
Quer investir com assertividade? Clique aqui e fale com a EQI Investimentos.