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Criptoativos em foco: alívio temporário, desafios persistentes

Criptoativos em foco: alívio temporário, desafios persistentes

A recente pausa de 90 dias nas tarifas norte-americanas trouxe alívio momentâneo aos mercados – mas está longe de encerrar as tensões que colocaram o cenário macroeconômico em alerta máximo. Com exceção da China, que passou a ser taxada em 125% após sucessivas retaliações, os demais países viram suas alíquotas reduzidas para o patamar-base de 10%.

O gesto de “tolerância temporária” acalmou os investidores, permitindo uma recuperação parcial do mercado acionário e impulsionando o Bitcoin de volta à faixa dos US$ 83 mil.

Entretanto, o impasse comercial entre Estados Unidos e China continua sendo o ponto central de instabilidade. A incerteza sobre os próximos movimentos geopolíticos continua limitando a confiança de investidores, impedindo uma retomada mais consistente.

Variação do SPX em abril. Fonte: Tradingview | Extraído de relatório do BTG Pactual

Bitcoin: resiliência em meio ao caos

Apesar da correlação inicial com os ativos de risco, o Bitcoin demonstrou força relativa no comparativo com ações – especialmente frente às gigantes de tecnologia representadas pelo índice “Magnificent 7”.

A resiliência do BTC reforça uma leitura importante: há uma mudança de percepção por parte de investidores institucionais, que começam a ver o ativo não apenas como especulativo, mas como ferramenta estratégica diante de cenários adversos.

 
Perfomance relativa entre o bitcoin contra as magninficent 7. Fonte: Bloomberg | Extraído de relatório do BTG Pactual



Perfomance relativa entre o bitcoin contra as magninficent 7. Fonte: Bloomberg | Extraído de relatório do BTG Pactual

Menos oscilações, mais maturidade

Com o passar dos anos, o Bitcoin tem mostrado uma trajetória clara de queda em sua volatilidade. Essa redução reflete a maturidade crescente do ativo, impulsionada por maior liquidez, entrada de ETFs e presença institucional. Menos oscilações extremas significam mais previsibilidade e confiança — um sinal de que o mercado cripto está evoluindo para um novo patamar de estabilidade e adoção global.

Volatilidade do Bitcoin em queda. Fonte: Blackrock

Um novo ciclo de liquidez?

Há um paralelo interessante com o primeiro mandato de Trump: durante sua guerra comercial anterior, o aumento da base monetária global (M2) funcionou como catalisador para a valorização de ativos escassos como o Bitcoin.

Se a atual escalada tarifária levar novamente a uma expansão da liquidez, ativos digitais podem se beneficiar duplamente — tanto por causa da perda de valor das moedas fiduciárias quanto pelo aumento de demanda por proteção e diversificação.

Nesse cenário, um dólar mais fraco pode se tornar mais um combustível para o Bitcoin e, por extensão, para o ecossistema cripto como um todo.

Oferta monetária global (M2) adiantada em 10 semanas em relação ao preço do Bitcoin. Fonte: Tradingview. | Extraído de relatório do BTG Pactual

Considerações finais: oportunidade disfarçada de crise?

Apesar dos riscos, o momento atual pode se tornar uma janela estratégica para reposicionamento. A correlação dos criptoativos com o BTC ainda é alta, o que significa que sua trajetória será determinante para o mercado como um todo. O investidor atento deve observar três eixos principais: a evolução das negociações comerciais, os próximos passos da política monetária e os sinais de retomada da liquidez global.

A história mostra que, em meio ao ruído, surgem os ciclos mais promissores. A pausa tarifária pode ter sido apenas um intervalo – o verdadeiro jogo está apenas começando.

Por Leonardo Ferreira, gestor da área de criptoativos da EQI Investirmentos