O presidente Luiz Inácio Lula da Silva mediou um conflito entre o conselho e a diretoria da Petrobras (PETR4) sobre a distribuição de dividendos extraordinários da estatal. Diante disso, o Chefe do Executivo solicitou o adiamento do pagamento dos proventos.
A informação foi divulgada por Raquel Landim, colunista de política da CNN Brasil. Landim relata que a decisão foi tomada em Brasília, durante uma reunião no Palácio do Planalto, na qual participaram Lula e outros ministros na semana passada.
O conflito, segundo a jornalista, ocorreu entre o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, e o presidente do conselho, Pietro Mendes. Prates defendia a distribuição de 50% dos dividendos extraordinários, enquanto Mendes pedia a retenção deles.
Mendes argumentava que a distribuição dos dividendos extraordinários poderia prejudicar os futuros investimentos da Petrobras. É importante mencionar que Mendes foi indicado por Alexandre Silveira, ministro de Minas e Energia.
Entre os principais ministros do governo Lula, Rui Costa, ministro da Casa Civil, estava ao lado de Mendes. Por outro lado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ponderou que os técnicos do Tesouro concordavam com Prates.
Segundo Landim, Lula adotou uma medida “salomônica”. O presidente decidiu reservar o dinheiro em um fundo e solicitou mais informações à diretoria da Petrobras sobre a possibilidade de prejuízo aos investimentos. Assim, ele conseguiu adiar a decisão sobre a distribuição dos proventos.
Apesar da decisão de Lula, o mercado mostrou preocupação sobre o possível fim da era dos dividendos extraordinários da Petrobras, uma vez que o dinheiro não foi alocado nem para os investimentos e nem para o pagamento de proventos.
Como resultado, as ações preferenciais e ordinárias da Petrobras caíram mais de 10% na sexta-feira (8). Na reunião do conselho de administração na quinta-feira (7), a decisão tomada em Brasília foi ratificada, já que a União é majoritária e boa parte dos conselheiros foi indicada por Silveira.
Landim relatou que Prates acompanhou o desfecho no conselho por videoconferência, mesmo estando em sua sala na Petrobras a poucos metros do local, segundo a reportagem. Fontes próximas a ele afirmam que isso é comum.
Hoje, Lula se reunirá com Prates para discutir justamente essa questão dos dividendos extraordinários da Petrobras.
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Petrobras anunciou R$ 14,2 bi em dividendos
A Petrobras anunciou que vai distribuir R$ 14,2 bilhões em dividendos referentes ao quarto trimestre de 2023 (4TRI23). A proposta será submetida à aprovação da Assembleia Geral Ordinária (AGO), marcada para o dia 25 de abril.
Caso aprovada, a distribuição elevará o total de dividendos pagos pela companhia no exercício de 2023 para R$ 72,4 bilhões, o que representa 45% do fluxo de caixa livre gerado no período.
Segundo a Petrobras, esse percentual está de acordo com a Política de Remuneração aos Acionistas, que prevê que a estatal deve destinar essa parcela do seu caixa aos seus acionistas sempre que o seu endividamento bruto for igual ou inferior ao nível máximo definido no plano estratégico em vigor, atualmente em US$ 65 bilhões.
Além disso, a Petrobras informou que os dividendos propostos já levam em consideração o valor de ações recompradas no 4TRI23, de R$ 2,7 bilhões, e a correção pela taxa Selic sobre as antecipações de dividendos e juros sobre o capital próprio (JCP) relativos ao exercício social de 2023, de R$ 1,1 bilhão, que foram descontados do total da remuneração aos acionistas, conforme o disposto na Política e no Estatuto Social, respectivamente.
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