O primeiro trimestre de 2023 (1TRI23) já começou com uma bomba no setor varejista com o episódio da dívida bilionária da Americanas (AMER3). Este fenômeno afetou o mercado como um todo e a temporada de balanços foi muito esperada pelos investidores para entender o comportamento das empresas deste setor.
Com o final da temporada de balanços em maio, a EQI Research iniciou uma série com a publicação de relatórios explicando quem se destacou, de forma positiva ou negativa, no 1TRI23. Neste artigo, o documento assinado por Luiz Cesta, analista da EQI Research e sócio da Monet, trata sobre o desempenho de Lojas Renner (LREN3), Arezzo (ARZZ3) e Grupo Soma (SOMA3).
Setor varejista com foco em média e alta renda apresentaram desempenho melhor
Cesta relata que os resultados para as empresas do setor varejista cobertas pela EQI Research apresentaram resultados acima das expectativas, embora tenham apresentado pressão de margens, principalmente na Lojas Renner.
“Esse trimestre demonstrou mais uma vez os impactos que a situação macroeconômica tem imposto aos diferentes tipos de consumidores. Enquanto os resultados de Arezzo e Grupo Soma, companhias com exposição maior ao público média/alta-renda, mostraram crescimento na comparação anual, tal fato não foi encontrado nos resultados da Lojas Renner”, cita o relatório.
O analista da EQI Research reforça que o cenário macroeconômico continua desafiador para as empresas de varejo dada a elevada taxa de juros básica da economia, fato que pressiona o resultado financeiro, reduz a propensão ao consumo e eleva as despesas com endividamento da população.
Diante deste cenário macroeconômico, o relatório aponta que a alta na inadimplência do mercado também agrava a situação dos consumidores que precisam de crédito disponível para comprar roupas.
Foco no capital de giro e fornecedores
O relatório da EQI Research observa que nos resultados financeiros e nas teleconferências que as varejistas estão enfrentando desafios significativos ao negociar com seus fornecedores.
As restrições de crédito mais rigorosas podem reduzir a capacidade operacional dos fornecedores na cadeia de suprimentos, resultando no encurtamento dos prazos de pagamento para a empresa Arezzo, por exemplo. Se essa situação restritiva persistir, é possível que as varejistas enfrentem uma redução nos seus níveis de caixa, devido ao consumo de capital de giro necessário para manter a operação da cadeia de fornecedores sem restrições de produtos.
“Notamos uma preocupação com capital de giro em empresas como Arezzo e Grupo Soma. A primeira utilizou seu balanço para apoiar fornecedores que estavam em condições financeiras mais restritivas, enquanto a segunda avançou em seu modelo de negócio integrado fábrica-varejo, que exige mais capital de giro, mas que acaba elevando o nível de serviço oferecido aos clientes e, consequentemente, gerando mais vendas”, explica Cesta.
Além disso, isso pode levar a um aumento temporário das despesas financeiras nas varejistas de capital aberto.
Crescer no exterior é alternativa ao cenário desafiador doméstico
De acordo com o relatório da EQI Research, as três empresas do setor varejistas de moda/vestuário analisadas, LREN3, ARZZ3 e SOMA3, possuem operações no exterior que contribuem de forma diferente para seus resultados consolidados.
Essa exposição internacional é considerada positiva, pois diversifica as fontes de receita geograficamente. No entanto, a EQI Research ressalta que cada empresa apresenta posicionamentos distintos nesse sentido.
Enquanto as operações internacionais da Arezzo enfrentam pressão devido à redução da demanda por parte de seus clientes, as marcas do Grupo Soma continuam a registrar uma demanda robusta nos Estados Unidos e também têm se beneficiado de uma iniciativa mais recente na Europa.
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