O Banco BTG Pactual divulgou relatório que avalia a performance da Klabin (KLBN11) no 1TRI22. Segundo o documento, a empresa apresentou resultados resilientes no período, mesmo diante de obstáculos, como a inflação dos custos em seus negócios e a paralização em virtude da manutenção de uma de suas unidades. Assim, a instituição financeira reitera a compra de ações pelo preço alvo de R$ 37,00.
De acordo com o relatório, a Klabin teve lucro bruto de R$ 2,077 milhões (37% maior do que as estimativas da instituição financeira), com crescimento de 86% a.a. O índice EBITDA da companhia fechou o trimestre em R$ 1,73 bilhão, em linha com o BTGe (3% acima do consenso).
Já a geração de fluxo de caixa da empresa não apresentou resultados positivos no 1TRI22, tendo encerrado o período em -R$ 310 milhões. A perda se deve, conforme aponta o relatório do Banco BTG, à contínua aceleração de gastos com a implantação da unidade Puma II.
Obstáculos para os resultados da Klabin (KLBN11) no 1TRI22
A inflação dos combustíveis e dos produtos químicos, e o maior mix de madeira de terceiros são fatores que explicam o aumento do custo caixa por tonelada da celulose para R$ 1.291/t (em conformidade com a prospecção do BTGe), e a alta de 21% t/t (com crescimento de 66% a.a.).
Já algumas das perdas são justificadas pelas paralizações em virtude da manutenção da Puma, a principal unidade de negócios da Klabin. Estas foram responsáveis por menores embarques, com a saída de celulose em 345kt (-13% t/t) e de papel em 316kt (2% t/t).
Os embarques de embalagens também diminuíram (-11% a.a.). No entanto, esta perda foi compensada parcialmente pelo aumento de 3% a.a. nos preços.
As paradas para manutenção da unidade também prejudicaram a produção de Eukaliner pela Puma II (PM27); esta fabricou 79kt no trimestre.
Klabin tem fluxo de caixa abaixo do potencial
Conforme as expectativas da instituição financeira, devido à aceleração dos gastos com a Puma II, a geração do fluxo de caixa da Klabin no 1TRI22 foi negativa, encerrando o período em -R$ 310 milhões. De acordo com o relatório, se o capex relacionado ao projeto fosse ajustado, seria possível obter um fluxo de caixa ex-crescimento de, aproximadamente, R$ 400 milhões para um yield anualizado de ~7%, o que, ainda assim, segundo a instituição financeira, seria abaixo do potencial.
Este resultado é justificado por um consumo maior do capital de giro, em grande parte devido às paradas para manutenção das unidades e por gargalos logísticos, que ocasionaram maiores níveis de estoque.
Entretanto, o relatório aponta que a posição de balanço da empresa continua sólida. A Klabin teve alavancagem reduzida para 2,4x Dívida Líquida/EBITDA (2,7x, em dólares) – no 4TRI21, a alavancagem foi de 3x.
A BTG estima que a alavancagem da Klabin permaneça neste patamar de estabilidade até o final do ciclo de investimentos em Puma II.
BTG reitera compra de ações
O relatório indica que a avaliação da Klabin nos últimos anos foi prejudicada pelo investimento em Puma II, que teve atribuição de valor baixa ou negativa por investidores e alto capex de crescimento.
A instituição financeira acredita que a aceleração de custos desse projeto ainda não é refletida pelas ações e que Puma I e II são altamente subvalorizadas pelo mercado na fase em que se encontram. Entretanto, o BTG ainda vê retorno potencial na empresa, com base em múltiplos atraentes e no fluxo de caixa descontado, e, por isso, reitera a compra de suas ações.