Na contramão das principais bolsas globais, as bolsas americanas operam em alta nesta quarta-feira (9), impulsionadas por sinalizações de maior protagonismo do secretário do Tesouro, Scott Bessent, nas negociações tarifárias internacionais.
Durante discurso na conferência da Associação Americana de Banqueiros (ABA), Bessent afirmou que pretende assumir a liderança das tratativas comerciais, com foco especial nas discussões com o Japão. O secretário defendeu que os atuais níveis tarifários estabelecidos pelo presidente Donald Trump representam o teto das imposições e pediu moderação por parte dos países parceiros. “Temos 70 discussões planejadas. Retaliações não ajudam”, declarou.
A fala de Bessent parece ter agradado ao mercado, que vê com mais confiança seu protagonismo em comparação ao secretário de Comércio, Howard Lutnick, e ao conselheiro comercial Peter Navarro. Analistas avaliam que Bessent transmite uma postura mais previsível e pragmática, o que traz alívio aos investidores em meio à volatilidade recente.
Outro ponto que contribuiu para o clima positivo foi a postagem do presidente Donald Trump na rede Truth Social logo após a abertura do pregão. Em tom otimista, o presidente pediu calma aos investidores e afirmou que “este é um ótimo momento para comprar”.
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- China impõe tarifas de até 84% sobre produtos dos EUA
Guerra comercial acirrada nesta quarta-feira
Os produtos chineses importados pelos Estados Unidos já estão custando 104% mais caros, resultado da soma de medidas anteriores com as novas tarifas anunciadas por Donald Trump no Liberation Day. Como resposta, Pequim anunciou tarifas de mais 84% sobre produtos dos EUA.
No mesmo movimento, o Canadá começou hoje a cobrar uma tarifa de 25% sobre automóveis fabricados nos EUA, em retaliação às barreiras impostas por Washington ao setor automotivo canadense. A União Europeia também se reúne hoje para aprovar uma lista de contramedidas diante da tarifa de 20% que atingiu o bloco. O clima de tensão continua a afetar os mercados, que operam de forma mista à espera de novos desdobramentos.
A Comissão Europeia aprovou tarifas de 25% a partir do dia 15 sobre uma ampla variedade de produtos dos EUA em retaliação às tarifas de 25% sobre aço e alumínio. E afirmou que as tarifas podem ser suspensas a qualquer momento, desde que Washington firme um acordo “justo e equilibrado”.
Bessent minimiza reação da China
Em entrevista à Fox News, Bessent adotou um tom firme em relação à China. Segundo ele, o país asiático “pode aumentar as tarifas, mas e daí?”, minimizando os impactos de eventuais retaliações. Ele ainda alertou que um alinhamento estratégico com Pequim seria “contraproducente” e reiterou que todas as opções permanecem sobre a mesa — inclusive a possibilidade de remover empresas chinesas das bolsas americanas, embora essa decisão final caiba ao presidente Trump.
Apesar da retomada da liquidação de títulos do Tesouro, iniciada novamente hoje, Bessent procurou tranquilizar os mercados, descartando preocupações imediatas e sinalizando confiança na resiliência da economia americana. Ele também alertou sobre possíveis movimentos chineses para desvalorizar o yuan, indicando que o Tesouro americano acompanha de perto as questões cambiais.
Com o tom conciliador, porém firme, do secretário e o respaldo público de Trump, Wall Street parece ter encontrado um breve alento em meio ao cenário global incerto — ao menos por hoje.
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