O mercado argentino reagiu com forte entusiasmo à expressiva vitória do partido La Libertad Avanza, de Javier Milei, nas eleições legislativas realizadas neste domingo (27). Por volta das 13h35, o S&P Merval, principal índice da Bolsa de Buenos Aires, avançava 20,41%, aos 2,500 milhões de pontos, impulsionado pela expectativa de maior governabilidade e avanço das reformas econômicas defendidas pelo presidente.
No exterior, o otimismo também contagiou os papéis argentinos. O ETF Global X MSCI Argentina (ARGT), negociado na Bolsa de Nova York (NYSE), subia 19,11%, cotado a US$ 88,44.
Vitória amplia base de Milei no Congresso
Com 40,8% dos votos para a Câmara dos Deputados, a legenda de Milei superou com ampla margem a coalizão peronista Fuerza Patria, que obteve 24,5%. Segundo projeções, o partido conquistará 64 cadeiras, mais que o dobro das 31 destinadas aos peronistas, ampliando significativamente sua base de apoio — que até então contava com apenas 37 deputados e seis senadores.
O novo quadro parlamentar aproxima Milei da meta de 86 votos necessários para barrar vetos presidenciais, ampliando o espaço para aprovar reformas fiscais e de liberalização econômica.
A vitória ocorre mesmo após semanas marcadas por escândalos políticos e tensões diplomáticas, incluindo denúncias envolvendo Karina Milei, irmã do presidente, e declarações de Donald Trump sobre o apoio financeiro dos EUA à Argentina.
Reação imediata dos mercados
A reação positiva foi imediata. As ações argentinas listadas em Wall Street dispararam durante as negociações estendidas, com destaque para a petrolífera estatal YPF, que avançou cerca de 12%, e o Banco Supervielle, que subiu 15,1%. O dólar oficial manteve-se na casa dos 1.491 pesos, enquanto o real era negociado a 277,52 pesos, em alta de 0,97%.
Segundo Matheus Spiess, analista da Empiricus Research, o resultado eleitoral superou até mesmo as projeções mais otimistas e deve consolidar o apoio às reformas de Milei:
“A expressiva vitória de Milei pode consolidar o apoio às reformas que ele propõe. O mercado, que demonstrava preocupação com a possibilidade de ele não alcançar 35% dos votos, agora reage positivamente. A perspectiva de uma maior representação na Câmara e no Senado aumenta a confiança de que as reformas serão implementadas”, afirma Spiess.
Ele acrescenta que o movimento observado nas bolsas reflete a expectativa de maior estabilidade política e abertura econômica, após anos de forte intervenção estatal.
“Essa eleição sinaliza uma mudança na orientação política da América do Sul, com tendência de maior liberalização de mercado e menor populismo. O otimismo tende a se intensificar no curto prazo, mas o foco passará à capacidade de Milei em conduzir suas reformas”, completa o analista.
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