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Investimentos no exterior: após manutenção dos juros pelo Fed, onde investir?

Investimentos no exterior: após manutenção dos juros pelo Fed, onde investir?

O Federal Reserve (Fed) manteve as taxas de juros nos EUA no nível mais alto em décadas, sem pressa para grandes cortes. Enquanto alguns investidores brasileiros correm para a Renda Fixa americana em busca de “segurança”, outros veem nas quedas recentes da bolsa americana uma chance de comprar ações “baratas”. 

Mas qual é a estratégia racional para fazer investimentos no exterior em um cenário de inflação persistente, dólar volátil e incertezas políticas? Bruno Yamashita, Analista Sênior de Alocação e Inteligência na Avenue, adverte: “Comparar títulos brasileiros com americanos é um erro fatal. O risco não está na rentabilidade, mas no que você não enxerga“.

Em entrevista ao portal EuQueroInvestir, ele revela onde alocar recursos — e por que seguir modismos pode custar caro.

Renda Fixa americana: o “porto seguro” que exige olhar de lupa

Yamashita não poupa críticas aos que buscam replicar no exterior a lógica da Renda Fixa brasileira. 

A Renda Fixa americana ainda está em patamares historicamente atrativos, mas isso não significa que seja uma aposta sem riscos“, explica. 

Segundo ele, os títulos do Tesouro dos EUA (Treasuries) são essenciais para preservação de capital em dólar, especialmente para perfis conservadores, mas o prazo é decisivo. “Títulos de longo prazo são mais sensíveis a mudanças nas taxas. Se o Fed cortar juros antes do previsto, quem comprou títulos longos terá ganhos de marcação a mercado, mas quem entrar agora deve focar no carrego, não na especulação“, destaca. 

O analista reforça que a escolha não é binária. “Os Treasuries devem ser parte estrutural da carteira, independentemente do momento. O erro está em tratar a Renda Fixa internacional como uma corrida por rentabilidade, ignorando que sua função principal é mitigar riscos“, esclarece Yamashita. 

Bolsa americana: defensivos, tecnologia e o paradoxo dos juros altos

Apesar da correção recente em setores como tecnologia, Yamashita defende que abandonar a Renda Variável é um equívoco. 

O S&P 500 subiu mais de 20% em 2023 e 2024 mesmo com juros elevados. Isso prova que o mercado não é movido apenas pelo custo do capital, mas por uma combinação de lucros, inovação e expectativas“, afirma.

Para ele, a chave está na seleção de setores. “Utilidades públicas e consumo básico são clássicos defensivos. São setores que resistem a recessões porque atendem demandas não negociáveis, como energia e alimentação“, diz. 

Sobre a tecnologia, o analista faz uma ressalva. “Algumas big techs continuam sendo refúgios por seu caixa robusto, mas a correção atual é mais um ajuste de valuation após anos de expansão acelerada. Não é um convite para pular de cabeça, mas para analisar empresas com fundamentos sólidos“, relata.

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Inflação, dólar e REITs: como não ser engolido pela tormenta

A inflação teimosa nos EUA preocupa, mas Yamashita vê nuances. “Se a inflação persistir acima de 2%, o Fed manterá juros altos, o que sustenta o dólar, mas pressiona empresas endividadas. Setores como energia podem repassar preços no curto prazo, mas, com o tempo, a demanda se retrai“, alerta.

Sobre a volatilidade cambial, ele é taxativo. “A solução não é tentar adivinhar o câmbio, mas diversificar. Quando o Real desaba, ativos em dólar protegem; quando se valoriza, investimentos locais equilibram a carteira. É uma dança que exige disciplina, não apostas“, aconselha.

Quanto aos REITs (fundos imobiliários americanos), o analista destaca que “a alavancagem torna esses fundos sensíveis a taxas de juros. REITs de hospitais ou logística têm dinâmicas específicas, mas, em geral, cortes de juros futuros poderiam aliviar pressões. O segredo é estudar cada carteira, não generalizar“.

Corte de juros: o que muda (e o que não muda) na alocação

Mesmo que o Fed reduza as taxas em 2024, Yamashita é realista. 

Ninguém espera um retorno aos juros zero. A Renda Fixa continuará atraente, mas com rentabilidade menor. Para quem já está posicionado, cortes significam ganhos de preço nos títulos; para quem entra agora, o foco deve ser o rendimento gradual“, afirma. 

Sobre a Renda Variável, ele pondera. “Cortes de juros são positivos para ações, mas já vemos uma migração para setores defensivos e mercados emergentes. É um movimento típico de momentos de transição: os investidores buscam equilíbrio entre risco e oportunidade“, explica. 

O erro invisível: a âncora que pode afundar seus investimentos

Yamashita critica a obsessão por comparar retornos brutos entre Brasil e EUA. 

Ancorar decisões apenas na taxa de juros é como navegar olhando só para o retrovisor. Um título brasileiro pode pagar 10% ao ano, mas carrega riscos cambiais, fiscais e políticos. Um Treasury paga 5%, mas é lastreado na moeda global e em uma economia previsível“, contrasta.

Para ele, o papel dos assessores é fundamental. “Cabe a nós desmontar mitos. Exposição internacional não é sobre ganhar mais, mas sobre proteger patrimônio. É uma jornada de educação, onde cada passo deve ser guiado pelo perfil do investidor — não pelo hype do momento”, adverte. 

Yamashita encerra com um alerta que ecoa como um mantra: “Investir no exterior hoje não é sobre ser heroico, mas sobre ser estratégico. É como escalar uma montanha: exige mapa claro, equipamento adequado e respeito aos próprios limites. Quem ignora a análise de cenários pode tropeçar em riscos que nem enxergava“.

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