Nos últimos anos, uma modalidade de financiamento que vem ganhando espaço no mercado financeiro é o direct lending (empréstimo direto).
Trata-se de uma prática na qual investidores privados oferecem crédito diretamente a empresas, sem a intermediação de grandes bancos ou instituições financeiras tradicionais.
Embora não seja um conceito novo, o direct lending se tornou mais popular no cenário pós-crise financeira de 2008, quando a regulamentação mais rígida imposta aos bancos limitou sua capacidade de conceder empréstimos, especialmente para pequenas e médias empresas.
O que é direct lending?
O direct lending é a principal categoria do chamado private credit nos Estados Unidos, também chamado por alguns de private debt.
Na prática, o direct lending ocorre quando fundos de investimentos ou outras entidades financeiras não-bancárias concedem empréstimos diretamente a empresas que precisam de capital para expandir seus negócios, financiar operações ou refinanciar dívidas.
Diferentemente dos empréstimos bancários tradicionais, essas operações são realizadas por gestores especializados em crédito privado, que administram fundos com capital captado de investidores institucionais (como fundos de pensão, seguradoras e family offices) e, às vezes, de investidores individuais.
O processo de concessão de crédito no direct lending pode envolver várias etapas, incluindo a análise da saúde financeira da empresa, a avaliação dos riscos do empréstimo e a estruturação de condições específicas, como taxa de juros, prazos e garantias.
Vantagens do direct lending
Essa modalidade de crédito apresenta diversas vantagens tanto para as empresas quanto para os investidores. Do ponto de vista das empresas:
- Flexibilidade: Diferentemente dos bancos, que muitas vezes seguem critérios rígidos de crédito e têm um processo mais burocrático, os fundos de direct lending podem ser mais flexíveis na definição de prazos, condições e garantias. Isso facilita o acesso ao crédito, especialmente para empresas de médio porte que podem encontrar dificuldades em acessar grandes volumes de financiamento por meio dos bancos tradicionais.
- Rapidez no processo: Sem a burocracia e as exigências regulatórias dos bancos, o processo de aprovação do empréstimo pode ser mais ágil. Isso é especialmente importante para empresas que necessitam de capital de forma rápida para aproveitar oportunidades de mercado.
- Customização: As condições do empréstimo podem ser personalizadas para atender às necessidades específicas da empresa, seja em termos de taxa de juros, prazo de pagamento ou outros detalhes contratuais.
Já para os investidores, o direct lending oferece:
- Retornos atrativos: Em comparação com outras opções de investimento de renda fixa, como títulos públicos ou corporativos, os empréstimos diretos podem oferecer taxas de retorno mais elevadas, especialmente em um cenário de juros baixos.
- Diversificação: Investir em direct lending permite diversificar uma carteira de investimentos, oferecendo exposição a ativos menos correlacionados com o mercado de ações e títulos tradicionais.
- Controle e transparência: Como os investidores participam diretamente no processo de concessão de crédito, eles têm mais controle sobre os termos e podem acompanhar de perto o desempenho do devedor.
Desvantagens e Riscos do direct lending
No entanto, como qualquer modalidade de crédito, o direct lending também apresenta desvantagens e riscos que devem ser cuidadosamente considerados:
- Risco de crédito: Uma das maiores preocupações nessa modalidade é o risco de inadimplência. Sem a segurança oferecida por um banco, os fundos de direct lending precisam ser extremamente cuidadosos na análise das empresas às quais concedem empréstimos. Investidores devem estar cientes de que, em casos de insolvência da empresa, há risco real de perdas financeiras significativas.
- Liquidez limitada: Diferentemente de títulos ou ações, que podem ser facilmente comprados e vendidos no mercado secundário, os empréstimos diretos são, em geral, investimentos menos líquidos. Isso significa que, uma vez feito o investimento, pode ser difícil converter o ativo em dinheiro rapidamente.
Fundos de direct lending
O BlackRock Private Credit Fund (BDEBT) é um fundo lançado em 2022 que investe em crédito privado, focando principalmente em empréstimos diretos a empresas de médio porte (EBITDA entre US$ 25-75 MM), aproveitando oportunidades em um segmento menos acessível ao investidor do varejo.
Como líder em investimento de crédito privado com um histórico de mais de 23 anos, a BlackRock possui uma plataforma de crédito privado com equipes focadas em obter oportunidades atraentes e de qualidade em crédito privado em todos os ciclos de mercado.
O Morgan Stanley conta com o fundo de crédito privado North Haven Private Income Fund, gerido por por uma equipe com mais de 25 anos de experiência no setor. Com mais de US$ 16,1 bilhões em ativos sob gestão dedicados a crédito privado, a estratégia conta com mais de US$ 5,6 bilhões em ativos sob gestão.
Este fundo investe em uma carteira diversificada de mais de 100 papéis, de empresas de middle market que operam em setores não cíclicos e defensivos. Essas empresas apresentam um EBITDA (lucro antes da incidência de juros, depreciação, impostos e amortização) médio de US$ 189 milhões. O fundo oferece um rendimento (distribution yield) atraente de 9,5%. O fundo nunca sofreu um default, mesmo com a classe de ativos tendo um default médio de 3,2%.
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