O avanço tecnológico da China pode colocar o país à frente dos Estados Unidos na disputa pela liderança em inteligência artificial (IA). A avaliação é de Jensen Huang, CEO da Nvidia (NVDA; NVDC34), que afirmou em entrevista ao Financial Times que a diferença entre as duas potências é mínima — ou, como ele definiu, de “nanossegundos”.
O alerta foi feito durante o Future of AI Summit, em Londres, quando o executivo destacou que os subsídios estatais chineses à energia reduzem o custo de produção de chips locais, enquanto as regulações americanas estariam travando a inovação.
“O Ocidente sofre com cinismo. Falta otimismo para competir”, disse Huang.
O empresário reforçou que, embora deseje que os EUA mantenham a dianteira, o caminho para isso passa por manter relações próximas com o ecossistema chinês.
“Queremos que a América vença. Mas para isso, precisamos estar na China”, afirmou.
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Segundo ele, uma política que afasta metade dos desenvolvedores do mundo “é prejudicial no longo prazo”.
Disputa geopolítica e risco de isolamento tecnológico
As declarações de Huang refletem a tensão crescente entre as duas maiores economias do planeta. A Nvidia tornou-se peça central da disputa comercial após as restrições impostas por Washington à exportação de chips avançados para a China.
Em maio, o executivo já havia classificado como um “fracasso” as medidas do governo americano, que visam conter o avanço tecnológico chinês. Na prática, porém, essas restrições vêm acelerando o desenvolvimento de soluções locais por empresas do país asiático.
Durante uma conferência em Washington, Huang defendeu que a infraestrutura global de IA continue baseada em tecnologias americanas, mas com integração internacional.
“Precisamos ganhar os desenvolvedores chineses”, declarou, em contraste com a postura do presidente dos EUA, Donald Trump, que defende que os chips mais avançados da linha Blackwell sejam reservados exclusivamente ao mercado interno.
Até o momento, a Nvidia não solicitou licenças de exportação para a China, citando a postura rígida do governo americano. Ainda assim, Huang insiste que manter um canal com os desenvolvedores chineses é essencial para garantir a liderança dos EUA na revolução da IA.
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A fronteira entre revolução e especulação
As falas do CEO da Nvidia também ressoam em um debate maior sobre os rumos do setor de inteligência artificial — e sobre até que ponto o entusiasmo global representa uma revolução tecnológica real ou apenas uma nova fase especulativa dos mercados.
Nos últimos meses, analistas da EQI Research vêm chamando atenção para o ritmo acelerado de valorização das empresas ligadas à IA. O analista internacional Marink Martins compara o momento atual à euforia das pontocom no fim dos anos 1990, lembrando que a Nvidia hoje ocupa um papel simbólico semelhante ao da Cisco (CSCO; CSCO34) naquela época, como principal fornecedora de infraestrutura tecnológica global.
Nesse contexto, compreender a diferença entre uma transformação estrutural e uma euforia de mercado é essencial para o investidor que busca oportunidades reais no setor. Para quem deseja se aprofundar no tema, vale conferir o conteúdo especial “Bolha de IA: o que é revolução tecnológica e o que é especulação?”, que explica como o mercado vem se comportando diante dessa corrida trilionária.





