A moeda histórica conhecida como Centen Segoviano voltou ao centro das atenções após bater um recorde e se tornar a peça numismática mais valiosa da Europa. O item, chamado formalmente de Centen, ou 100 escudos, alcançou 2.817.500 francos suíços, o equivalente a cerca de R$ 18 milhões, durante um leilão na Suíça.
O valor superou com folga a expectativa inicial e consolidou a Centen Segoviano como um símbolo máximo de raridade e poder no universo da numismática.
A peça que atravessou séculos
Fabricada em 1609 na cidade de Segóvia, no centro da Espanha, a moeda pesa 339 gramas e foi cunhada com ouro extraído das Américas, conhecido na época como o ouro do “Novo Mundo”. Era um período em que o Império Espanhol buscava reafirmar sua influência, e a criação dessa peça representava um gesto político e simbólico.
Segundo Alain Baron, fundador da casa de leilões responsável pelo evento, a moeda era equivalente a anos de salário. Para ele, sua grandiosidade tinha um objetivo claro: expressar riqueza e autoridade em escala monumental.
Depois de desaparecer por séculos, a Centen Segoviano ressurgiu nos Estados Unidos por volta de 1950. Um colecionador de Nova York a comprou e, cerca de uma década mais tarde, repassou o item a um comprador espanhol.
Em seguida, a moeda mudou de mãos novamente, entrando para outra coleção privada cuja identidade permanece em sigilo. A própria trajetória da peça reforça seu caráter lendário, marcada por longos períodos de mistério e reaparecimentos surpreendentes.
O leilão que fez história
O leilão, realizado pela Numismatica Genevensis SA, reuniu interessados de várias regiões, incluindo Estados Unidos, Europa e Oriente Médio. O grupo era formado tanto por colecionadores quanto por instituições que buscavam adquirir um “ativo troféu”, como destacou a própria casa de leilões. A disputa elevou o valor da Centen Segoviano acima de qualquer outra moeda europeia já vendida.
A fala de Alain Baron resume o fascínio que a peça desperta: “Foi realmente um presente real, um presente de um rei para outro rei”. Ele acrescenta que “o próximo proprietário terá, de certa forma, a possibilidade de se sentir como um rei, já que foi um rei quem a entregou a outro”. Essa percepção ajuda a explicar por que a moeda rompeu barreiras e conquistou um novo patamar no mundo dos colecionadores.
O novo marco da numismática europeia
O recorde anterior pertencia a uma moeda de 100 ducados de Fernando 3º de Habsburgo, vendida por 1,95 milhão de francos suíços. A Centen Segoviano, ao superar com tanta margem esse valor, cria um novo marco histórico para a numismática europeia. Seu peso, sua origem e seu caráter simbólico a colocam em uma categoria única, dificilmente alcançada por outras peças.
Para especialistas, o interesse crescente revela um mercado em evolução, no qual itens raros ganham cada vez mais status cultural e financeiro.
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