O BTG Pactual (BPAC11) indica que o Ibovespa tem grandes chances de encerrar o ano de 2024 em alta. Em um relatório divulgado ontem (3), o banco de investimentos analisou o cenário da bolsa de valores para os dois anos após a eleição presidencial.
Antes de examinar as perspectivas para 2024, os analistas Lucas Claro, Lucas Costa e Otto Sparenberg destacaram que 2023 teve uma alta de 22,3%, o maior avanço desde 2019, quando houve um aumento de 31,6%.
“O ano foi impulsionado pelo processo de flexibilização monetária do Banco Central e, mais recentemente, por sinais externos que favoreceram o fluxo estrangeiro no mercado local”, explicam.
O relatório também enfatiza que a postura dovish do Federal Reserve (Fed) na decisão de política monetária de dezembro alimentou expectativas de um corte de juros na economia americana, impulsionando os mercados emergentes, como o brasileiro, a atingir recordes históricos.
2024 pode fechar no azul, mas volatilidade deve estar no radar dos investidores
Com isso em mente, o BTG reflete sobre a possibilidade do Ibovespa manter essa trajetória de alta. Segundo a análise deles, o principal índice brasileiro pode manter essa tendência de alta devido ao histórico do Ibovespa durante os segundos anos dos mandatos eleitorais.
“Analisando os dados, a primeira coisa que se destaca é que, em média, o retorno do Ibovespa dois anos após as eleições foi positivo, em 11,27%. Isso sugere uma tendência de valorização do índice. No entanto, não podemos nos basear apenas nesse dado”, alertam os analistas.
Além disso, o BTG avisa sobre o comportamento do índice durante esses períodos devido ao alto desvio padrão, que chega a 33,88%. Segundo os analistas, esse comportamento tende a ter uma volatilidade elevada.
“Se você gosta de emoções no mercado, prepare-se, a volatilidade parece ser uma certeza”, brincam os analistas.
Portanto, o relatório do BTG aconselha os investidores a ficarem mais atentos em períodos com desvio padrão mais elevado, pois eles têm uma tendência maior de volatilidade. Assim, as pessoas devem analisar e tomar decisões com mais cuidado, especialmente em anos que seguem um ciclo eleitoral.
Outro ponto destacado pelo BTG é o retorno mensal positivo. No segundo ano após a eleição, em 25% dos casos, apenas três meses tendem a apresentar um retorno médio negativo: março, setembro e outubro.
Dessa forma, os analistas alertam os investidores durante esses meses que tendem a ter desempenhos mais fracos.
“A média dos retornos mensais do índice Ibovespa mostra um cenário interessante. A variação média em relação ao fechamento do mês anterior é de 0,90%. Uma observação relevante é que mais da metade dos meses apresenta um fechamento positivo, e a média de retorno deles é de 6,60%. Por outro lado, nos meses que fecham em negativo, a média é de -6,35%”, explicam os analistas.
O BTG ressalta que esses números mostram um equilíbrio entre os retornos dos meses positivos e negativos. Com isso, o banco enfatiza a importância de ter uma estratégia de investimento equilibrada e bem pensada, levando em conta as flutuações naturais do mercado.
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Análise do risco e retorno e o índice de Sharpe
Para chegar ao resultado acima, o BTG explica que foi necessário calcular o desvio padrão anual e utilizar a taxa Selic como referência para a taxa livre de risco para realizar a análise de risco-retorno do período.
Com isso, é possível calcular o índice de Sharpe.
“O índice de Sharpe é uma ferramenta essencial para avaliar a rentabilidade de um ativo levando em consideração o seu risco. Ele indica quão eficiente é o ativo na entrega de resultados para o investidor em relação ao risco assumido”, explicam os analistas.
Um índice de Sharpe igual ou superior a 1 indica um ativo excelente e consistente em gerar resultados. Se o índice de Sharpe for igual a 0, o ativo não está proporcionando um retorno superior ao da taxa livre de risco. Neste caso, investimentos em renda fixa podem ser mais atraentes.
Por outro lado, um índice de Sharpe negativo sugere que o ativo está performando abaixo dos ativos livres de risco, representando um investimento ruim ou um risco desnecessário.
“Com base nos cálculos realizados, observamos que o índice Ibovespa teve um índice de Sharpe negativo em 2 dos 7 anos analisados. Isso significa que, em 71,4% do período analisado, a rentabilidade do Ibovespa, ajustada pela taxa livre de risco, justifica o risco de investir em Renda Variável no segundo ano seguinte às eleições”, conclui o BTG.