O mercado de crédito incentivado iniciou uma nova etapa em novembro, marcada pela abertura dos spreads — movimento que ocorre após um longo período de compressão e que foi mais perceptível nos ativos de maior qualidade. A avaliação faz parte da atualização mensal de FI-Infra da EQI Research, assinada pelo analista João Zanott e divulgada neste mês.
Segundo o relatório, parte desse ajuste decorre dos efeitos da caducidade da MP 1.303, que buscava tributar instrumentos atualmente isentos. Embora a demanda estrutural por crédito incentivado permaneça elevada, dada a forte captação nas estratégias isentas, a EQI destaca que a reprecificação pode seguir adiante, recolocando o “prêmio de risco” no centro das análises.
“O mês marcou um ponto de inflexão, com a remuneração pelo risco começando a subir. Esse reajuste foi mais evidente nos ativos de maior qualidade de crédito”, afirma a EQI Research.
Relatório mensal FI-Infra EQI Research: Janela de assimetrias e deságios expressivos
Apesar da postura cautelosa quanto ao ambiente de spreads historicamente comprimidos, a equipe da EQI Research avalia que o novo ciclo abriu assimetrias relevantes. Parte dos FI-Infras listados voltou a operar com descontos significativos em relação ao valor patrimonial, recriando oportunidades para investidores que buscam capturar a recomposição dos prêmios.
Fundos classificados como mid grade, como BDIF11 e BODB11, negociam hoje com deságios próximos de 15%.

Para a EQI Research, esses níveis configuram uma relação risco-retorno mais atrativa, sobretudo diante do redesenho de preços no mercado secundário.
Desempenho dos fundos sob cobertura
A atualização mensal detalha os principais movimentos dos oito fundos acompanhados pela casa, destacando desempenho das cotas, proventos, operações recentes e recomendações. Entre os pontos de destaque:
KDIF11 (Kinea)
- Cota sobe 0,2% no mês.
- Dividend yield anualizado: 12,7%.
- Preço-teto: R$ 130,20.
- Não houve novas alocações.
JURO11 (Sparta)
- Cota recua 1,2%.
- Fundo elevou caixa ao zerar posições como Equipav, Oceanpact e MRS.
- Dividend yield esperado: 12,9%.
BDIF11 (BTG Pactual)
- Queda de 5,1% na cota — pior desempenho entre os acompanhados.
- Entradas em projetos como MTXS11 (energia) e SPE011 (PPP educacional).
- Dividend yield esperado: 15,37%.
CPTI11 (Capitânia)
- Recua 1,7% no mês.
- Novas alocações em Metrô Rio e Arteris, com taxas entre IPCA+7,9% e IPCA+8,3%.
- Dividend yield esperado: 15,70%.
IFRA11 (Itaú)
- Queda de 4,5% na cota.
- Movimentação de R$ 135 milhões em vendas e recomposição de caixa para 6% do PL.
- Alocações em energia solar, Metrô Rio e URE Barueri.
BODB11 (Bocaina)
- Estabilidade no mês.
- Dividend yield anualizado: 16,34%.
- Sem novas alocações.
CDII11 (Sparta)
- Queda de 1,7% na cota.
- Forte giro de carteira, com encerramento de posições em diversos setores.
- Dividend yield esperado: 12,93%.
IFRI11 (Itaú)
- Recua 4,5%.
- Rotação de mais de R$ 100 milhões, com entradas relevantes em energia, transporte e telecom.
- Dividend yield esperado: 14,47%.
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A EQI Research reitera sua visão de cautela, mas reforça que a combinação entre spreads um pouco mais altos e descontos fortes nos FI-Infras listados pode criar pontos de entrada interessantes.
“Alguns FI-Infras listados seguem oferecendo oportunidades atrativas, sobretudo pelos deságios relevantes em relação ao valor patrimonial”, afirma o relatório.
A equipe conclui que a recomposição dos prêmios ainda pode avançar, especialmente em um mercado em que a demanda permanece elevada — o que pode favorecer estratégias capazes de capturar essa nova fase do crédito incentivado.





